“Hoje vejo mulheres se sentirem bem no lugar onde estão, seja qual for o papel delas”

“Hoje vejo mulheres se sentirem bem no lugar onde estão, seja qual for o papel delas”

Entrevista com Geni Schenkel, fundadora e presidente do Agroligadas que reúne cerca de 500 mulheres no País para combater toda e qualquer onda de notícia falsa sobre o campo

O mês de março é em homenagem a elas: mães, educadoras, batalhadoras e, acima de tudo, grandes profissionais e líderes de empresas ou de seu próprio negócio. Elas têm o direto de estar onde bem entenderem, e o agro tem se tornado cada vez mais um ponto de convergência do poder feminino nacional. No mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher (8/3), o AgroSaber traz uma série de entrevistas com mulheres do agro que estão transformando o setor no País.

Para abrir essa série, conversamos com a mato-grossense Geni Schenkel, 37 anos, fundadora e presidente do Agroligadas. O grupo nasceu em Cuiabá (MT) em meados de 2018, para combater toda e qualquer onda de notícia falsa sobre o campo.

Formada em Fisioterapia, casada com um produtor rural e mãe, Schenkel deixou a profissão de lado para levantar a bandeira do agro brasileiro, coordenando hoje um grupo de cerca 500 mulheres, com 15 núcleos espalhados pelos Estados da Bahia, Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo.

Uma das principais bandeiras do grupo é o agro na educação infantil. O grupo, que tem muitas mães entre as integrantes, observou que a desinformação sobre o setor começa na escola. Diante do desafio de combater a falta de informação, o grupo atua em projetos para coletar exemplares de livros didáticos com informações equivocadas, assim como criar workshops e eventos para atrair incentivar educadores a desenvolverem o tema agro em trabalhos escolares, feiras de ciência etc.

Além disso, o Agroligadas também promove de debates, palestras, workshops, cursos e muitos encontros on-line (em função da pandemia) com intuito de melhor (esclarecer o) informar sobre o agro para o público urbano. Confira a entrevista.

AgroSaber – O que o Agroligadas está preparando para este mês?

Geni Schenkel – Estamos organizando um grande evento on-line no dia 31 de março. Até imaginávamos que poderíamos fazer de forma híbrida, com participações presenciais e à distância, mas tivemos de fazer 100% on-line.

AgroSaber – O que podemos esperar para este evento?

Schenkel – A programação ainda está sendo fechada, mas já temos uma importante participação confirmada. A de Dado Schneider, um grande nome da comunicação do País. A ideia é poder fazer um evento bastante interativo e muito atraente ao público, podendo até ter a possibilidade de participação de um cantor nessa grande ‘live’. Mas isso ainda não está fechado.

AgroSaber – Qual o tema central do evento?

Schenkel – O tema central é ‘Comunicar para Transformar’, este é o nome do nosso evento. Queremos transmitir da melhor forma possível a nossa mensagem, introduzindo o assunto agro e trazendo dados reais para que todos tenham acesso a uma informação de qualidade do setor.

AgroSaber – Quais as transformações você já percebe através do Agroligadas?

Schenkel – Umas das grandes transformações que avalio é como nós mulheres estamos mais unidas. Estamos conseguindo fazer uma conexão forte e muito próxima entre as participantes, debatendo assuntos tanto dentro e fora do mundo agro. Através desse trabalho de conexão do Agroligadas, hoje vejo mulheres se sentirem bem no lugar onde estão, seja qual for o papel delas no trabalho ou na liderança de seu próprio negócio. Já ouvimos relatos de que neste mês, muitas mulheres que fazem parte do grupo estão sendo chamadas para dar entrevistas a jornais e revistas nos locais onde moram. Isso é sensacional pois mostra como elas passam a ser mais reconhecidas.

AgroSaber – O grupo mantém até um programa de rádio. Como está esse projeto?

Schenkel – Esse projeto está se desenvolvendo cada vez mais e completou um ano, no dia 28 de janeiro. Temos programas todas as terças-feiras, das 12h00 às 13h00, na rádio comunitária Metrópole FM Cuiabá. Este mês temos outra novidade: o lançamento do conteúdo dos programas em formato de podcast. Como a rádio é on-line, estamos trabalhando para que mais pessoas conheçam nosso trabalho. A ideia é elevar a audiência em mais centros urbanos, para ganharmos reconhecimento por levar boa informação do agro para quem ainda desconhece o setor, nas grandes cidades, como São Paulo.

AgroSaber – O programa terá alguma atividade especial para este mês?

Schenkel – Vamos fazer uma série de entrevistas com exemplos de representantes femininas no campo. Selecionamos alguns nomes de líderes em seus negócios, mas também de exemplos de mulheres mais comuns no agro, para mostrar que há representantes do trabalho feminino em todo o lugar no agro e desempenhando um papel importante, seja numa cooperativa agrícola ou à frente de uma empresa.

AgroSaber – Que projetos o grupo tem feito com as escolas?

Schenkel – Temos desenvolvidos duas frentes de trabalho nas escolas, uma num apoio de avaliação de materiais didáticos, e outro na promoção da capacitação de professores.

AgroSaber – Como é esse trabalho de apoio de avaliação de materiais didáticos?

Schenkel – É um trabalho que está começando. Nós, do Agroligadas, nos unimos ao movimento de Olho no Material Escolar, que surgiu em meados de 2020. Estamos ajudando a coletar exemplares de livros didáticos para identificar exatamente quais os materiais podem levar a desinformação do agro. A ideia é que esse movimento possa fazer uma ponte com o Ministério da Educação para ajudar a levar conteúdos corretos do agro para a Educação dos alunos em todo o País.

AgroSaber – Como nasceu os cursos de capacitação com professores?

Schenkel Os cursos de capacitação de professores nasceram de uma grande live que organizamos em setembro do ano passado quando fizemos um workshop para educadores. Para se ter uma ideia até professores universitários participaram. Esse projeto é uma parceria do Instituto Farmun e do Instituto Ânima, todos de Cuiabá. Nossa intenção é que o agro possa ser mais explorado em temas escolares, como em projetos de feiras de ciência. A ideia é atrair tanto educadores da rede pública quanto particular para melhor desenvolver o tema agro em sala de aula.

E aí, gostou dessa história? Semana que vem conheça a história de outra mulher de fibra do agro brasileiro. Compartilhe-a em suas redes sociais. Siga também o AgroSaber nas redes sociais! (os links estão logo aí abaixo).