Atlas dos agrotóxicos apresenta dados incorretos
Lançado em 2017, o Atlas Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia, da geógrafa Larissa Bombardi tem como objetivo “ser um importante instrumento de conscientização e de suporte para políticas públicas”, no entanto, a obra apresenta uma série de divergências.
A primeira delas é que o documento indica que há subnotificação dos casos, ou seja, para cada caso notificado outros 50 ocorrem e não são notificados. Mas dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) mostram que entre 2001 e 2016, os medicamentos representaram a maior causa de intoxicação no país com cerca de 30% dos casos.
Acidentes com animais peçonhentos (cobras, escorpiões e aranhas), foram a segunda causa, representando cerca de 15%. Os casos de intoxicação por agrotóxicos representaram apenas cerca de 3% dos casos reportados, sendo a 6ª causa em 2016.
Os dados mostram que os casos por pesticidas, incluindo os óbitos, são em sua maioria tentativa de suicídio, ou seja, exposição intencional e não quando do seu uso em atividade ocupacional.
Vale destacar que o chumbinho, também conhecido como mata-rato, é registrado como agrotóxico e é a principal substância utilizada nas tentativas de suicídio.
Mesmo que a subnotificação seja um fator a ser considerado, o cenário mostra que os casos de intoxicação por agrotóxicos vêm diminuindo ao longo dos anos quando comparado a outros agentes. Isso porque produtos mais modernos e mais seguros têm sido disponibilizados nos últimos anos.
Outra informação incorreta diz respeito ao consumo médio de agrotóxicos. De acordo com dados apresentados pela pesquisadora, em 2005 o consumo médio era da ordem de 5 kg/hectare e, em 2011, passou a ser de 11 kg/hectare. Ou seja, em menos de uma década dobramos a quantidade de agrotóxicos utilizada no país.
Mas essa conta está errada! O Brasil é um dos países que produz mais alimentos com menos aplicação de defensivos agrícola no mundo, segundo estudo realizado pela Unesp – Campus de Botucatu.
Quando comparado o emprego do pesticida e a área plantada (hectare) e a quantidade de produtos agrícolas produzida, vemos que o Brasil está em 13º lugar no emprego de defensivo agrícola por quantidade de produção, considerando os 20 países de maior relevância para a agricultura.
Países europeus, como Itália, França, Espanha, Alemanha, Inglaterra, Polônia, além de Japão, Coréia, Austrália, Canadá, Argentina e Estados Unidos empregam mais defensivos do que o Brasil.
Uma falácia bastante conhecida é que o Brasil vem utilizando quantidades cada vez maiores de defensivos em seus cultivos. NÃO É VERDADE! Em primeiro lugar, o agricultor sabe dos custos envolvidos na compra dos pesticidas e se preocupa com o uso correto dele.
Além disso, o processo de liberação de novos produtos no Brasil é um dos mais morosos do mundo, o que faz com que o país leve, atualmente, uma média de oito anos para aprovar o registro de um novo produto.
Essa realidade impede que os agricultores brasileiros tenham acesso às novas opções disponíveis no mercado internacional, restringindo ainda mais o acesso do agricultor aos produtos utilizados.
O atlas também falta com a verdade ao dizer que os agrotóxicos contaminam os alimentos, o solo, a água e os lençóis freáticos. Se usados de forma correta, conforme orientação da bula e recomendação do agrônomo, os defensivos são seguros.
É importante destacar que os defensivos auxiliam os agricultores, protegendo as culturas contra pragas, doenças e plantas daninhas, bem como aumentando a produtividade por hectare.
A produção das principais culturas mais do que triplicou desde 1960, em grande parte graças aos pesticidas.
Sem os defensivos agrícolas, mais da metade de nossas culturas seriam perdidas, devido a pragas e doenças. Todos os anos, entre 26% e 40% da produção mundial potencial são perdidos devido a plantas daninhas, pragas e doenças. Sem os defensivos agrícolas, essas perdas poderiam dobrar.