Academia de Liderança forma mulheres do agro

Academia de Liderança forma mulheres do agro

Iniciativa busca estimular a equidade de gênero no campo, o empreendedorismo e a sustentabilidade

Uma pesquisa realizada com mais de 4 mil mulheres do agro em 17 países identificou as principais barreiras que impedem que elas tenham uma participação plena e bem-sucedida no setor.

Para superar essas barreiras, cinco ações-chave foram identificadas: treinamento em tecnologia, educação acadêmica, apoio jurídico para ajudar as que sofrem discriminação de gênero, comunicação ampla de cases de sucesso e contribuições das mulheres no setor e sensibilização do público para a discriminação no agronegócio.

Outra medida foi a criação da Academia de Liderança das Mulheres do Agronegócio, que essa semana formou a primeira turma com 20 participantes de várias regiões do país. A iniciativa é uma parceria da Corteva Agroscience (patrocinadora da pesquisa) com a Fundação Dom Cabral (FDC) e a Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG).

O objetivo é proporcionar treinamentos para que um número cada vez maior de mulheres possam se desenvolver e se destacar não apenas na agroindústria, mas também em associações e entidades de classe ligadas ao setor.

Para a líder global da Corteva para Assuntos Governamentais, Tiffany Atwell, embora sofram discriminação, as mulheres têm orgulho de fazer parte do agronegócio, de alimentar o mundo e, apesar das adversidades, acordam orgulhosas e motivadas para trabalhar todos os dias.

“Não queremos tirar os homens de suas posições, mas queremos uma mesa maior onde todos possam se sentar. As mulheres não precisam de um título, só querem que a organização tenha sucesso e que o mundo seja um lugar melhor”, disse.

Tiffany Atwell, da Corteva, contou sua história

Cases de sucesso

Numa área de quase 15 mil hectares no Mato Grosso, a produtora rural Dulce Chiocheta e seu marido cultivam soja, algodão e milho, além da integração lavoura-pecuária-floresta. Ela destaca que o curso a ajudou a conquistar mais segurança e coragem para assumir novas posições no campo.

“A experiência foi maravilhosa porque o curso reúne mulheres de vários segmentos: pecuária, grãos, café, laranja. Esse networking é incrível e foi um show de ideias, porque a mulher é muito persistente e detalhista. Vimos muitas coisas incríveis, como mulheres que se descobriram líderes superando o medo da exposição”, disse a produtora rural completando que agora as formadas são embaixadoras do agro e têm o dever de multiplicar esse conhecimento.

Já Luana Belusso é produtora rural e engenheira agrônoma, no Mato Grosso. Ao lado dos pais e do irmão, produz soja, milho, arroz e feijão numa área de 2.500 hectares da família. Ela foi uma das alunas da Academia de Liderança das Mulheres do Agronegócio  e considera que teve a sua vida transformada.

“Eu entendi que para ter resultados diferentes são necessárias ações diferentes. Hoje sou mais evoluída pessoalmente e profissionalmente e o meu objetivo para o futuro é tornar o agro mais feminino. Engajando e empoderando mulheres junto com o Movimento Agroligadas”, disse.

Agroligadas é um grupo de 200 mulheres que tem como objetivo contribuir para uma cultura positiva do agro visando a educação e a comunicação, construindo uma ponte entre o campo e a cidade.

Ementa

O curso gratuito foi composto por três etapas e no primeiro módulo, de 32 horas de duração, o conteúdo focou em liderança e boas práticas agrícolas. No segundo, foram 16 horas dedicadas a temas regulatórios e ciência política e o debate sobre a participação da mulher na política e as perspectivas no Brasil.

No terceiro módulo, as participantes tiveram 24 horas de aulas sobre temas relativos a sustentabilidade e novas formas de governança. Neste módulo, elas tiveram o desafio de desenvolver um projeto estratégico para aprimorar a gestão de uma propriedade rural, de uma comunidade ou de uma associação de produtores.

As autoras dos cinco melhores projetos terão a oportunidade de ir aos Estados Unidos para conhecer a sede da Corteva AgriscienceTM, visitar fazendas-modelo e conversar com produtoras rurais norte-americanas.

Além das aulas presenciais, as alunas participaram de seminários online sobre liderança e geração de valores, políticas públicas para agronegócio e sustentabilidade.