Mandioca: tradição brasileira que ganhou o mundo
Conhecida por 17 nomes diferentes como aipim, macaxeira e castelinha, a mandioca ou Manihot esculenta (nome científico), se desenvolve bem em solos de baixa fertilidade, é muito nutritiva e pode ser consumida tanto por humanos quanto por animais. Por esses e outros motivos, esse tubérculo tipicamente brasileiro ganhou o mundo.
Alimento cultivado e consumido pelos índios, a mandioca foi o primeiro produto da terra que os portugueses conheceram. O historiador Luís Câmara Cascudo em “A história da alimentação do Brasil” a define como “a rainha do Brasil”.
Dados do IBGE apontam que o Pará é o estado com a maior produção de raiz de mandioca do Brasil, com safra estimada de 4,99 milhões de toneladas em 2017, seguido por Paraná e Bahia, com 2,76 e 1,75 milhões de toneladas, respectivamente. Juntas, essas unidades da federação representam quase metade da produção nacional.
Mas quando olhamos para fora os números são ainda mais surpreendentes… Você sabia que o maior produtor mundial é a Nigéria? Apenas em 2016, o país contabilizou 57,13 milhões de toneladas, seguido por Tailândia e Indonésia. O Brasil é o 4º maior produtor mundial com 21,08 milhões de toneladas.
Levada pelos colonizadores a toda parte, a mandioca é muito famosa também por sua grande versatilidade. Os principais produtos são a farinha seca, farinha d’água, farinha temperada, fécula ou polvilho doce e polvilho azedo. Além do beiju e da mandioca chips.
Para o analista de mercado da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Adonis Boeckmann, o uso da mandioca não está ligado apenas aos subprodutos.
“A fécula é adicionada ao pão, as massas e é utilizada também na indústria de embutidos. Além disso, é acrescentada ao papel e ao papelão. Sem falar no etanol, cujas pesquisas estão em andamento”, disse ele.
Tapioca no mundo
Nos últimos anos, a matéria-prima tem se popularizado, seja na forma in natura ou por subprodutos como o polvilho e a tapioca, que pode ser ingerida em uma infinidade de jeitos, cores e recheios.
Estados Unidos, Japão, Canadá, França, Alemanha, Coreia do Sul e Austrália são alguns dos países que já se renderam aos benefícios e delícias do alimento que não tem glúten.
Além de ser pouco calórica, a fécula de mandioca é rica em ferro e potássio, que ajudam na produção de glóbulos vermelhos no sangue e na circulação dele nos vasos sanguíneos.
Apesar da “febre”, Boeckmann acredita que a fama se deve à curiosidade, ao turismo e ao marketing , no entanto não há uma verdadeira mudança de comportamento alimentar.
“O povo do Sul do país, por exemplo, passou a conhecer a tapioca, mas não deixou de comer o pãozinho. Não houve uma efetiva mudança do hábito alimentar porque senão teríamos a redução do consumo do trigo. Haveria uma crise e não houve”, destacou.