Dia Mundial da Alimentação: uma data para reflexão
Dietas saudáveis para um mundo de #FomeZero. Esse é o slogan do Dia Mundial da Alimentação instituído em 1979 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e celebrado hoje.
A data foi escolhida porque no mesmo dia, em 1945, foi fundada a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO em inglês), justamente com o objetivo de chamar a atenção para a necessidade de eliminar a fome no mundo.
Em 2017, a fome atingiu 821 milhões de pessoas, frente os 815 milhões de 2016. Os dados são do relatório “O Estado de Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2018”, da FAO. E apesar de milhões de subnutridos, 672 milhões de adultos estão obesos no mundo, um sinal do aumento do consumo de produtos industrializados, que muitas vezes são mais acessíveis para as populações mais pobres.
No Brasil, o mesmo relatório mostra que há 5,2 milhões de famintos e esse número vem crescendo anualmente. Em 2014, o Brasil saiu do Mapa da Fome da ONU, mas a crise e a recessão econômica tem contribuído para que o país retorne a esse ranking.
Por outro lado, o Brasil destaca-se como o terceiro maior exportador de produtos agrícolas do mundo, atrás dos Estados Unidos e União Européia. E para produzir mais e melhor, os agrotóxicos, quando usados de forma eficiente, são importantes aliados para combater pragas e aproveitar a maior parte possível das lavouras.
É simples entender que, sem a utilização de defensivos agrícolas o país passaria a produzir menos alimentos e a roda comercial nacional giraria com menor força, atingindo indiretamente os brasileiros.
É importante investir em tecnologia, nos cuidados da aplicação dos defensivos nas lavouras e melhorar a fiscalização. Um mundo sem defensivos agrícolas é um mundo de mais fome, já que não há como produzir em larga escala e alimentar a população mundial.
Reaproveitamento em pauta
Apesar da elevada produção mundial, a FAO calcula que são desperdiçados 1,3 bilhão de toneladas de alimentos, anualmente, em todo o mundo – o que equivale a um terço da produção mundial.
Já no Brasil, a estimativa da World Resources Institute (WRI) é que são jogados no lixo 41 mil toneladas de comida ao ano. A conscientização e as soluções para controlar o desperdício são fundamentais para ajudar a combater a fome no mundo.
Diariamente, cada um pode fazer a sua parte aprendendo a utilizar partes não convencionais dos alimentos (casca, talos, folhas), quando comestíveis. Comprar “produtos feios”, que fogem do padrão estabelecido pelos varejistas e reaproveitar as sobras também ajuda a mudar a cultura do desperdício.
No Mato Grosso, o Sindicato Rural de Primavera do Leste, investiu numa iniciativa de conscientização ao promover, o curso de Planejamento e Aproveitamento dos Alimentos, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).
De acordo com o presidente do sindicato, José Nardes, o objetivo do curso, que foi realizado pela primeira vez, foi estimular as pessoas a pensarem na comida de uma outra forma ensinando receitas e soluções práticas de reaproveitamento de alimentos. Com receitas criativas é possível evitar que ingredientes próprios para o consumo sejam descartados.
Segundo ele, uma outra saída para combater o desperdício seria uma mudança na legislação, que hoje estabelece uma série de regras e restrições para os estabelecimentos comerciais que queiram doar sobras de produção ou reaproveitar alimentos. Por isso, 20% do que é produzido para venda, acaba no lixo.
“Eu acredito que é preciso uma mudança na legislação. Os mais abastados jogam comida fora enquanto os necessitados passam fome. Nos restaurantes de grande porte das grande capitais, as pessoas comem e deixam a metade. Nas cidades pequenas nem tanto”, destacou Nardes.