Produção carne bovina volta a crescer. Será que o preço vai cair?
IBGE confirma o crescimento da produção brasileira de carne bovina no 3º trimestre deste ano, que deve resultar em queda nos preços.
O preço da carne ficou realmente salgado nos últimos meses. Muita gente reclamou e a picanha virou até meme na internet. Mas, ao que tudo indica, essa página pode virar. A tendência é que o preço da carne bovina caia. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento já havia identificado o recuo dos preços ao produtor rural no início deste mês de dezembro. A expectativa é isso se reflita em preços menores ao consumidor.
O IBGE reforça essa tendência ao apresentar mais fundamentos para a queda dos preços: maior produção de carne bovina no 3º trimestre deste ano. Como é a lei de oferta e procura que rege os preços dos alimentos, a maior disponibilidade da carne leva, consequentemente, a preços menores desse produto.
A pesquisa de trimestral de abate de animais foi divulgada nesta quinta-feira (12). No caso da carne bovina, a produção foi de 2,2 milhões de toneladas entre os meses de julho a setembro. Em comparação com o 2º trimestre deste ano, o crescimento foi de 11,1%. Já em comparação com o 3º trimestre de 2018, a alta foi de 3,8%. Somando tudo que foi produzido até agora neste ano – de janeiro a setembro – o total de carne bovina foi de 6,1 milhões de toneladas. Esse volume é 3,5% maior que o volume produzido no mesmo período do ano passado.
Exportações
O choque de preços foi causado por um ligeiro aumento das exportações de carne bovina para a China, nos últimos meses, segundo o veterinário Antônio Jorge Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). No mês de novembro passado, as exportações de carne para a China somaram 83,1 mil toneladas. Em novembro de 2018, esse total era apenas de 35,5 mil toneladas.
Mas a tendência é de esses volumes para o país asiático também caiam nos próximos meses o que também contribui para reduzir os preços desse alimento nas gôndolas dos supermercados. “Não devemos ver valores da carne bovina tão altos como os de meses atrás”, disse o veterinário Antônio Jorge Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). “A tendência é que o mercado volte a se equilibrar.”
Para o executivo da entidade, os preços caem inclusive mesmo com uma expectativa de crescimento das exportações desse produto este ano e nos próximos anos. “A produção de carne vai avançar no País”, diz Camardelli. Nos últimos anos, o total exportado representava cerca de 20% de toda a carne bovina produzida no País. O que significa que grande parte ainda fica no Brasil. “Este ano o porcentual das exportações deve crescer, indo para 25%”, diz Camardelli. Mas a tendência é que nos próximos anos o comércio internacional de carne bovina não passe de 23% da produção nacional.
A estimativa é que as vendas externas desse produto cheguem a 1,83 milhão de toneladas e receitas de US$ 7,5 bilhões. Se confirmadas, esses números crescem em comparação a 2018. As altas seriam 11,3% a mais sobre a quantidade e 13,3% sobre o valor. Para 2020, esse comércio também é previsto crescer. A Abiec projeta 2,1 milhões de toneladas e uma receita de US$ 8,5 bilhões.