Confiança do agro brasileiro tem o maior resultado da história

Confiança do agro brasileiro tem o maior resultado da história

O 4º trimestre de 2019 fecha com 123,8 pontos, o melhor resultado da série histórica iniciada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Esse é o quinto trimestre consecutivo em que o indicador supera os 110 pontos

A confiança do agro brasileiro registrou alta no 4º trimestre do ano de 2019. O Índice de Confiança (IC Agro) do setor subiu 8,7 pontos, fechando o período em 123,8 pontos, marcando o melhor resultado desde o início da série. “Os números demonstram alinhamento entre as expectativas geradas e a agenda prioritária do Executivo e Legislativo federais”, observa Paulo Skaf, presidente da Fiesp.

Como consequência, mesmo que as reformas não tenham avançado tanto quanto o esperado, os principais indicadores econômicos mostravam ao fim do ano sinais de recuperação mais consistente. As projeções para o crescimento do PIB em 2019 passaram de 0,82% em meados do ano para 1,17% em dezembro.

Relatório

Dados do relatório mostram que o otimismo atingiu praticamente todos os segmentos pesquisados. Segundo a metodologia do estudo, os resultados indicam otimismo quando ficam acima de 100 pontos – abaixo disso, o sinal é de pessimismo. O IC Agro é um indicador medido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).

Houve boas razões para manter os ânimos elevados. As entrevistas foram realizadas em dezembro, num momento em que as negociações para encerrar a guerra comercial entre Estados Unidos e China levaram a melhora nos preços de algumas das principais commodities agrícolas – sem acarretar, num primeiro momento, perdas substanciais das exportações brasileiras para o mercado chinês, salvo em casos isolados. O acordo foi assinado em 15 de janeiro.

Agroindústria

A confiança das indústrias ligadas ao agronegócio chegou a 122,2 pontos, alta de 3,5 pontos em relação ao trimestre anterior e o melhor resultado da série histórica, superando o recorde anterior, registrado no terceiro trimestre de 2019.

A confiança das empresas de insumos agropecuários (122,5 pontos) superou em 3,2 pontos o resultado do trimestre anterior e foi apenas 0,4 ponto menor que o recorde registrado há um ano.

“As indústrias de fertilizantes, por exemplo, começaram a fechar negócios para a safra 2020/2021 com antecipação raramente vista. Fabricantes de defensivos agrícolas também fecharam o trimestre com a expectativa de confirmar o segundo ano consecutivo de crescimento de mercado, deixando definitivamente para trás um período de estagnação que se estendeu de 2014 a 2017”, explica Márcio Lopes de Freitas, presidente da OCB.

Depois da Porteira

Já o Índice da Indústria Depois da Porteira chegou a 122,0 pontos, alta de 3,6 pontos em relação ao levantamento anterior. O resultado foi em boa parte puxado pelas indústrias de alimentos – especialmente as de carnes, favorecidas pela alta dos preços e das exportações no fim do ano.

O setor sucroalcooleiro também teve motivos para melhorar o ânimo: no fim do ano passado, os preços do açúcar começaram a se recuperar no exterior e as cotações do etanol se mantiveram em alta no mercado doméstico. Algo parecido aconteceu com os exportadores de café, que viram os preços aumentarem no último trimestre de 2019. Para as empresas de logística, 2019 foi um ano de elevada movimentação de cargas, em razão dos grandes volumes de soja e de milho destinados à exportação.

Produtores

Quanto aos Produtores Agropecuários, o entusiasmo foi mantido, refletindo numa alta de 16 pontos no índice de confiança, que marcou o recorde de 126,2 pontos. Pela primeira vez, desde que o levantamento começou a ser realizado, tanto os produtores agrícolas quanto os pecuaristas compartilharam níveis elevados de entusiasmo na variável que avalia as Condições do Negócio.

Para Skaf, as reformas estruturantes perseguidas pelo governo apontam para um ciclo de recuperação com crescimento do PIB, juros baixos, inflação contida e progressiva melhora da situação fiscal do País por um período duradouro. “O cenário impactará positivamente a dinâmica do agronegócio, que deve apresentar uma reação mais acentuada do consumo no mercado doméstico, que é vetor do crescimento da produção brasileira para vários produtos do setor”, disse.