O destino dos frangos ‘não tão lindos’ nos concursos de beleza

O destino dos frangos ‘não tão lindos’ nos concursos de beleza

Confira as curiosidades de uma jornada de mais de 1,5 século de melhoramento genético do bom e velho frango

O Brasil é uma superpotência na produção de aves e ovos. Não há como negar. Os números estão aí para provar. Em 2019 foram produzidas 13,5 milhões de toneladas de carne de frango, segundo o IBGE. Deste total, 4,2 milhões de toneladas foram exportadas, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

“O Brasil é o segundo produtor mundial de frango, logo atrás dos Estados Unidos”, diz Elsio Figueiredo, zootecnista e pesquisador da Embrapa Suínos e Aves de Concórdia (SC). “No entanto, o Brasil é o primeiro exportador de carne de frangos, o que o torna cliente preferencial das empresas top de genética de frangos.”

Mas sabe como começou essa história? E como o agro brasileiro desbancou o mundo inteiro?

Não é fácil imaginar, mas essa história começa em concursos de beleza! “As aves que não atendiam aos padrões como formato do corpo, penas e tonalidade de cores eram vendidas para produção de ovos. Já as que não produziam ovos eram destinadas ao abate, iniciando aí uma visão de aves produtoras de ovos e aves produtoras de carne”, explica Figueiredo.

A busca pelo gene do belo

O universo de criadores de animais sempre esteve relacionado a feiras e exposições de animais. É nesse tipo de evento que produtores levam seus melhores e mais belos animais. Isso acontece com os bovinos e, não era diferente, com as aves.

O ano de 1865 marcou a criação do Padrão de Excelência pelo Clube Avícola de Londres. O evento pode até soar trivial diante dos conflitos do mundo, como o fim da Guerra Civil Americana e o início da Guerra do Paraguai. Mas foi a partir da criação desse padrão que os criadores começaram uma busca para medir a qualidade das espécies de aves dentro de cada raça.

Esse trabalho tornou mais fácil a tarefa de julgar as aves nas exposições, segundo Figueiredo. “Esse sistema avaliava 15 pontos devotados às características como formato do corpo, penas e tonalidade de cores”, explica o pesquisador. Anos depois, em 1873, os próprios americanos adicionavam mais 100 outros quesitos, criando o Padrão Americano de Excelência.

Oportunidade de negócio

Os concursos de beleza não só trouxeram uma oportunidade de negócios – a criação de aves em larga escala – como fundamentaram o desenvolvimento para uma ave com mais carne. Foi nesse processo que os cientistas se debruçaram numa tática perfeita: não trabalhar apenas com linhagens de ‘raças puras’, mas no cruzamento entre elas.

Sabe o que isso resultou? Num frango cada vez mais desenvolvido em menos tempo. Confira como foi essa evolução na próxima matéria.

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