Presença feminina cresce em cursos profissionalizantes do agro brasileiro

Presença feminina cresce em cursos profissionalizantes do agro brasileiro

As salas de aula de faculdades e escolas técnicas de ensino do agro estão repletas de mulheres. Essa revolução está apenas começando

Quem disse que o trabalho na roça não é coisa de mulher? É delas sim, senhor. É o que mostra os perfis de cursos profissionalizantes do agro em faculdades e escolas técnicas pelo Brasil. É cada vez mais frequente o número de matrículas de mulheres em cursos como agronomia, zootecnia, medicina veterinária, engenharia florestal e gestão ambiental.

Tem áreas de trabalho nem tão tradicionais, mas que estão chamando a atenção do público feminino como a gestão portuária. É nos portos que passam todas commodities agrícolas para serem exportadas. E a mulher quer participar dessa organização.

As mulheres já representam 45% dos estudantes matriculados no primeiro semestre de 2020, no curso de Gestão Portuária do campus de Santos da Faculdade de Tecnologia (Fatec Santos).

“A Fatec é a única instituição pública que prepara para trabalhar em portos”, afirma o coordenador do curso, Júlio Raymundo. “A especialidade abre ainda oportunidades também para atuar em logística e comércio exterior.”

A Fatec é administrada pelo Centro Paula Souza (CPS), o braço de educação técnica profissionalizante do governo do Estado de São Paulo. Além do campus de Santos, o órgão cuida de mais 72 Fatecs e 223 Escolas Técnicas (Etecs), com cerca de 294 mil alunos em cursos técnicos de nível médio e superior tecnológico.

Onde mais elas estão?

Segundo dados da Fundação de Apoio à Tecnologia (FAT), responsável pelos vestibulares das Fatecs, há uma guinada de mulheres em carreiras no campo. No curso de Agronegócio, no município paulista de Mococa, as mulheres ocupam 60% das vagas da turma que começou a graduação este ano.

No agro, inclusive, a relevância delas se repete em cidades paulistas como: Ourinhos com 53,75% de participação; Jales com 50% e São José do Rio Preto e Taquaritinga com 42%.

A professora do curso de Agronegócio Luciana Ruggiero destaca a mudança de perfil do profissional desta área. “É uma formação que permite atuar em vários mercados. Temos alunas que gostam do campo, do trabalho braçal e de estar na linha de frente liderando equipes de trabalhadores rurais”, afirma Luciana.

Outro segmento que tem atraído as profissionais é o de consultoria. Segundo a professora, o perfil empreendedor e de gestão de negócios das mulheres favorece as tecnólogas que planejam ter seu próprio negócio.             

Universidades tradicionais do agro

Na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), uma das referências em cursos do agro, a presença feminina é superior, especialmente nas áreas biológicas. Nessa área, foram 1.346 mulheres matriculadas (57,4%) este ano contra 915 homens (42,6%). No geral este ano estão matriculadas 3.869 mulheres (50,8%) contra 3.754 homens (49,2%).

Na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq), ligada à Universidade São Paulo (USP), a maioria feminina está nos cursos de biologia, gestão ambiental e ciências dos alimentos. O número geral de mulheres ainda não é maior, mas ano a ano está crescendo. Em 2018, eram 913 mulheres contra 1195 homens. Este ano são 947 mulheres e 1.257 homens.

Lute como uma mulher!

O estudo e exercício da Agronomia é difícil mas recompensa, como conta em seu canal no YouTube a engenheira agrônoma Vanessa Sabioni, mestre em Fitopatologia pela Universidade Federal de Viçosa (MG) e fundadora da plataforma digital AgroMulher. Confira o vídeo dela logo aí abaixo.

“A gente encara muito preconceito, é muito machismo, mas diante desse contexto existem muitas pessoas boas nesse caminho”, diz Sabioni. “São essas pessoas bacanas que a gente deve buscar orientações”, diz.

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