“O agro pode ser a grande mola propulsora da retomada econômica do Brasil”, diz Tereza Cristina
Ministra da Agricultura faz uma live exclusiva para o AgroSaber e fala dos impactos da crise da pandemia do novo coronavírus no agro brasileiro
A primeira live a gente nunca esquece, especialmente quando se trata de um bate-papo exclusivo com a personalidade mais importante do agro brasileiro, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. A entrevista, on-line e ao vivo, realizada nesse domingo (5), foi conduzida pelo agrônomo Xico Graziano, professor de MBA da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pelo jornalista Edson Giusti, sócio da Giusti Com.
Participaram também, o agrônomo Jones Yasuda, CEO da Companhia das Cooperativas Agrícolas do Brasil (CCAB), o produtor rural mato-grossense Alexandre Pedro Schenkel, presidente do Instituto Pensar Agropecuária (IPA), o advogado Evandro Gussi, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), e o produtor rural Blairo Maggi, ex-ministro da Agricultura.
A primeira live realizada pelo Agrosaber foi acompanhada por 510 pessoas pela ferramenta de teleconferência Zoom. Outras 224 pessoas assistiram ao vivo pelo Facebook. Até agora foram um pouco mais de 5,9 mil visualizações e 60 compartilhamentos. Confira os melhores momentos dessa conversa.
O agro brasileiro e o novo coronavírus
Tereza Cristina – Nós vivemos um momento muito difícil não só no Brasil, mas no mundo. Isso fez com que nós mudássemos a maneira de trabalhar. Porém, desde o primeiro momento, o Ministério da Agricultura soube que a missão fundamental era manter o abastecimento. Esse ano começamos com a notícia de uma super safra, a maior safra que o Brasil já colheu. A missão era de justamente de distribuição, mantendo isso mesmo diante dessa pandemia.
Ajuda ao pequeno produtor
Tereza Cristina – Este passa ser o maior empenho do Ministério da Agricultura, agora: saber como proteger esse pequeno produtor. Eles são a grande maioria e estão em volta das grandes cidades. É importante fazer com que as hortaliças deles cheguem às cidades. Que as frutas colhidas cheguem até o consumidor. A gente sabe que os Ceasas do Brasil estão funcionando no atacado. Eles tiveram o cuidado de diminuir as feiras livres, pois gerava um acúmulo maior de pessoas, para a evitar a transmissão. Mas ainda temos um problema: o de demanda porque o setor trabalhava ligado com a demanda da normalidade e, hoje, temos supermercados, bares, hotéis e uma série de atividades de comércio que estão fechados. Isso diminui muito a demanda por esses produtos [hortaliças e frutas].
Recursos ao pequeno produtor
Tereza Cristina – Temos cerca de R$ 500 milhões do PAA [Programa de Aquisição de Alimentos], e aí estão relacionados recursos do Ministério da Agricultura e da Conab, que podem ser repassados, só faltando o aval do Ministério da Economia. Já estamos com tudo pronto, só esperando agora a assinatura desses recursos para colocar em funcionamento e aí deve melhorar muito a renda para esses pequenos produtores.
O legado do agro brasileiro pós-crise
Tereza Cristina – Eu não tenho dúvida de que o agro possa ser a grande mola propulsora da retomada econômica do Brasil. Nós temos terras, clima, água, produtores eficientes e nós temos mercados. Estamos avaliando dia a dia o que vai acontecer no mundo na questão do abastecimento. O agro brasileiro pode sair fortalecido pós-crise para ser o grande supridor confiável de alimentos do mundo. Eu sei que medidas emergenciais deverão ser feitas para acudir vários setores. O que não podemos fazer é ter uma irresponsabilidade de achar dá para resolver todos os problemas. Os mais vulneráveis são os que precisam ter um atendimento mais rápido possível, pois o fôlego deles é mais curto, com certeza.
As oportunidades para o agro
Tereza Cristina – Este é o momento mostrar que, quando a sociedade precisou, o agro estava lá e fez o seu papel, entregando os alimentos, continuando a produzir e pensando na próxima safra. O agro mostrou como é fundamental seu papel. Então é importante aproveitar essa oportunidade, sem ufanismo, para mostrar como é um país que tem produção própria e que consegue se abastecer mesmo num momento de crise como esse.
As exportações do agro
Tereza Cristina – Nós já temos os resultados do primeiro trimestre das exportações brasileiras do agro. Uma relação do primeiro trimestre de 2019 com o mesmo período de 2020. Para América do Norte, as nossas exportações, em números gerais, caíram 15,4%. As exportações para América do Sul caíram 13,5%. As exportações para América Central e Caribe, que tem o peso muito pequeno, mas tiveram queda de 64,2%. Para o Oriente Médio as exportações caíram 27,8%. Já para a África, o comércio subiu 1%. Para a Europa subiu 1,3% e para a Ásia subiu 10,7%. Apesar do coronavírus, especificamente para a China, as exportações subiram 4,7%. Então, para cada dólar que o Brasil exporta para os Estados Unidos, três são exportados para a China. Então isso é muito significativo.
Mapa entra na luta contra a Covid-19
Tereza Cristina – Hoje nós temos máquinas para realizar os exames para o Covid-19. O Ministério da Saúde já homologou seis laboratório do Ministério da Agricultura e em breve deve colocar o restante dos laboratórios da Embrapa. Temos o potencial para fazer mais de 70 mil testes diariamente ou até um número maior isso. É uma conquista. Os médicos têm de curar e nós do agro temos de continuar alimentar as pessoas para que elas não fiquem doentes.
Continuem seguindo e ligados com o AgroSaber, pois mais lives interessantes estão por vir! E como já sabe, continuamos atualizando sobre os impactos do novo coronavírus no agro brasileiro. E aí gostou da matéria? Você pode: curtir, comentar e compartilhar. (os links de suas redes sociais estão logo aí abaixo)