Produtores gaúchos vão descartar mais de 100 mil aves a partir de hoje

Produtores gaúchos vão descartar mais de 100 mil aves a partir de hoje

A agroindústria está fazendo o que pode. Agro sofre seu primeiro baque na batalha contra o novo coronavírus

O avanço da pandemia do novo coronavírus impõe seu primeiro e mais forte impacto à agroindústria de alimentos do Brasil: o abate sanitário de 100 mil aves. Isso significa uma produção que vai diretamente para o lixo. A quantidade pode representar até 230 toneladas de carne descartada sobre uma produção que seria entregue à BRF, uma das maiores empresas do País de processamento alimentos além de abate de aves e suínos.

O abate sanitário foi confirmado na sexta-feira (15) pelo secretário de Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul, Covatti Filho, numa entrevista ao Canal Rural. O descarte é considerado emergencial por conta da paralisação do frigorífico da empresa em Lajeado (RS), desde a segunda-feira passada (11), em decorrência de registros de trabalhadores infectados pelo novo coronavírus. Na sexta-feira voltava a funcionar.

“Fazem uns dez dias que o Rio Grande do Sul está com a situação de frigoríficos atinjidos, tanto o da BRF como o da JBS”, disse Covatti. “O da BRF paralisou suas operações na última segunda-feira. Numa articulação junto ao Ministério Público e os órgãos do Governo do Estado conseguimos chegar a um acordo no qual a BRF volta às suas atividades e deve fazer esses abates. Claro que gostaríamos que isso não tivesse acontecido.”

O que é o abate sanitário?

Segundo o artigo 1º, da Lei 569/48, “abate sanitário” é o procedimento de defesa sanitária animal monitorado pela administração pública e que visa salvaguardar a saúde pública, ou por interesse da defesa sanitária animal. Em geral, a media é tomada em caso de animais doentes, cabendo, via de regra, ao respectivo produtor rural, indenização em dinheiro, mediante prévia avaliação e justa indenização. As aves abatidas agora são estão doentes, ficaram fora de padrão de peso e idade. E para seguir as normas internacionais, o lote de animais tem de ser descartado.

Mas situação segundo o secretário poderia ter sido pior. Seriam muito mais aves abatidas se a paralisação continuasse pelo tempo total estipulado pelo Ministério Público. “Se continuasse fechado nos 15 dias previstos, 7 milhões de aves seriam abatidas”, explica ele. Isso significaria 16 mil toneladas de alimentos que iam direto para o lixo.

Compromisso

Em nota ao jornal Valor Econômico, a BRF afirmou que na primeira semana de reabertura do frigorífico, a unidade operaria com metade de seus funcionários e que todos só dariam início ao trabalho após o resultado de teste rápido para a detecção do novo coronavírus. A partir do dia 25 de maio (passada a primeira semana), a fábrica volta a operar com 100% de seus funcionários.

Além de a empresa se comprometer em realizar testes de detecção da doença no município, a BRF investirá, por seis meses, na contratação de serviços de um assistente social e um enfermeiro para atender os bairros onde moram seus trabalhadores. A empresa também diz que doará R$ 1,2 milhão para ampliar os leitos de UTIs nos municípios de Lajeado e Estrela.

Protocolos ainda rígidos

A missão de qualidade e de segurança dos alimentos continua sendo o princípio das indústrias de alimentos por todo o País. Como o AgroSaber já havia publicado, a indústria frigorífica continua empenhada para garantir o menor impacto possível do novo coronavírus.

Entre as ações adotadas em fábricas de processamento de proteína animal, está o afastamento preventivo de todos os colaboradores identificados como grupo de risco (com idade acima de 60 anos, doenças pré-existentes e outros). Ao mesmo tempo, houve a intensificação das ações de preventivas de saúde como, por exemplo, a medição da temperatura dos colaboradores em diversos momentos, durante a rotina de trabalho, como o AgroSaber já havia reportado.

Outras a ações foram implementadas como o aumento da rotina de higienização de todos os ambientes dentro e fora do frigorífico. Os veículos transporte passaram a receber atenção especial e foram adotadas medidas contra aglomeração, com a redistribuição de horários de refeição e transporte.

O AgroSaber continua atualizando seus leitores sobre os impactos do novo coronavírus no agro brasileiro. E aí gostou da matéria? Você pode: curtir, comentar e compartilhar (os links de suas redes sociais estão logo aí abaixo)