Agro brasileiro faz venda inédita de crédito de carbono

Agro brasileiro faz venda inédita de crédito de carbono

Foram vendidos os primeiros 200 Créditos de Descarbonização (CBIOs) do programa Renovabio, a principal arma do setor de biocombustíveis do País para garantir um ar cada vez mais puro às cidades

Em pleno Dia dos Namorados, quem ganhou o maior presente foi o Meio Ambiente brasileiro. Na sexta-feira (12), foi confirmada a primeira transação de Créditos de Descarbonização, também conhecidos como CBIOs, um título financeiro negociado na bolsa de valores B3. A operação, realizada entre a consultoria paulista de mercados agrícolas Datagro e a produtora de etanol Adecoagro, confirma o sequestro de 100 toneladas de gás carbônico (CO2) principal gás de efeito estufa.

Na segunda-feira (15), outra compra de 100 CBIOs (ainda não identificada) foi registrada na B3. As duas operações somaram R$ 10,1 mil pelo sequestro de 200 toneladas de CO2. Essa iniciativa está apenas começando. Este ano, a meta de descarbonização é de 14,53 milhões de toneladas CO2, com a emissão de CBIOs. Até 2029 é estimado o sequestro de 529,85 milhões de toneladas de CO2 do ar.

O CBIO é a forma mais estratégica já criada para dar valor real ao trabalho de sequestro de carbono historicamente já desempenhado pelas usinas de cana-de-açúcar do País e que também beneficia usinas de outros biocombustíveis como o biodiesel e o biometano. Esse título foi instituído pelo Plano Nacional de Biocombustíveis, mais conhecido como Renovabio, que entrou em vigor no dia 24 de dezembro do ano passado.

Como funciona o mercado de CBIO?

O ponto de partida são os canaviais. As plantações de cana-de-açúcar (assim como todo vegetal) funcionam como máquinas naturais de captação (sequestro) de CO2. Para crescer e se desenvolver, a planta capta o CO2 do ar e libera oxigênio. Quanto mais novo, produtivo e bem cuidado for esse canavial, maior e mais eficiente é a captação.

O sequestro de carbono das plantações é auditado por certificadores especializadas. Só entram nessa conta as áreas de cultivo das usinas que aderiram ao Renovabio. Hoje são 210 usinas credenciadas pela Agência Nacional de Petróleo (ANP): 189 de etanol; 20 de biodiesel; e 1 de biometano.

A cada 1 tonelada de CO2 sequestrada e auditada é emitido 1 título de CBIO. Quem cuida da emissão são instituições financeiras e corretoras de valores que põe isso à venda na bolsa de valores, a B3, de São Paulo (SP).

Este ano, a meta de descarbonização por plantações como a cana-de-açúcar é de 14,53 milhões de toneladas CO2, com a emissão de CBIOs. Até 2029 é estimado o sequestro de 529,85 milhões de toneladas de CO2 do ar.

Quem compra são as distribuidoras de combustíveis e demais empresas que precisam compensar suas as emissões de gases de efeito estufa, em cumprimento às legislações ambientais e ao compromisso de menores emissões.

Quem comprou e vendeu primeiro?

A primeira compradora foi a unidade de Conferências da consultoria paulista Datagro, com sede em Barueri. Ela adquiriu os primeiros 100 CBIOs desde o início do Renovabio. Segundo Luiz Felipe Nastari, diretor da Datagro Conferences, os CBIOs serão utilizados para neutralizar as emissões de carbono relacionadas aos eventos da Datagro deste ano de 2020.

“Estamos muito felizes em contar com um instrumento moderno como os CBIOs para neutralizar as emissões relacionadas aos nossos eventos, pois estimulam o aumento de eficiência energética e ambiental, e não só irão ajudar a limpar o planeta, mas também a reduzir o preço do combustível para o consumidor”.

Os primeiros CBIOs negociados da história foram oferecidos pela Adecoagro, produtora de etanol com unidades produtoras localizadas nos estados de Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.

Os primeiros 100 CBIOs foram comprados pelo valor de R$ 50,00 cada um, valor que equivale a aproximadamente US$ 10 dólares por CBIO, ou tonelada de carbono. Na Califórnia, na semana passada, cada tonelada de carbono relacionada ao programa Low Carbon Fuels Standard foi negociada pelo valor de US$ 212.

Até o terça-feira (16), o estoque de CBIO na B3 era de 762,3 mil CBIOs ou 762,3 mil toneladas de CO2 devidamente sequestradas e auditadas.

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