Fazendas com esgoto tratado purificam o ar de 109 cidades como São Paulo

Fazendas com esgoto tratado purificam o ar de 109 cidades como São Paulo

O recolhimento e tratamento adequado de dejetos de criações retiraram do ar 391 milhões de toneladas de CO2 equivalente na última década

Se o tratamento de esgoto e poluição do ar nas cidades ainda é um problema a ser resolvido, no campo, a história é outra. Sabia que muitas fazendas pelo Brasil já adotam tecnologias de tratamento de esgotos nas criações de aves, suínos e bovinos de leite e de corte?

Até o final de 2019, estavam listadas 371 propriedades rurais no País que implantaram um sistema de captação de todos os dejetos de criações de aves, suínos e bovinos de corte e de leite. A notícia é excelente para o meio ambiente porque, em uma década, eles sequestraram do ar brasileiro 391 milhões de toneladas de CO2 equivalente.

O CO2 equivalente é a medida internacional que reúne, na mesma base, as emissões de todos os gases de efeito estufa (GEEs). Os GEEs mais conhecidos são o dióxido de carbono (CO2) ou simplesmente gás carbônico, o monóxido de carbono (CO), o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O).

Ar mais puro

Para se ter uma ideia do que isso significa, imagine que todo esse sequestro representa 108,6 vezes a emissão de gases de efeito estufa (GEEs) liberado por toda a frota de veículos em São Paulo (SP), em um ano.

Os GEEs são nocivos quando passam a tomar conta da atmosfera. Eles são responsáveis pelo efeito estufa ou aquecimento global. Ou seja, são eles que retém o calor dos raios solares que chegam à Terra. Por isso, quanto menores forem as emissões de GEEs, menor poderá ser o efeito do aquecimento global no futuro.

Em um ano, a emissão de GEEs de toda a frota de veículos na maior cidade brasileira pode chegar a 3,6 milhões toneladas de CO2, de acordo com uma pesquisa do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA).

Como é feito isso?

O tratamento do esgoto nas propriedades rurais é feito onde há confinamento de animais, através da instalação de um equipamento chamado biodigestor. Trata-se de uma grande piscina escavada no chão e coberta por um tipo de lona impermeável e resistente. Nessa piscina vão parar os dejetos dos animais captados por uma rede de esgoto que liga o biodigestor às instalações de criação.

A ação bacteriana natural dentro dessa piscina vai consumindo todos os detritos. Além de o biodigestor representar um grande aliado do sequestro de CO2, ele gera outros subprodutos: fertilizantes e gás metano (que pode ser usado para produzir energia elétrica, aquecer as instalações dos animais e gerar gás combustível, ou gás de cozinha).

Mais resultados positivos

De 2010 a 2019, 38,3 milhões de metros cúbicos de dejetos animais foram tratados no Brasil, superando em quase nove vezes a meta de 4,4 milhões de metros cúbicos definida no Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC).

Por ano, o sistema de biodigestores do agro poderia encher 33,5 milhões de botijões de gás. No entanto, grande parte desse uso é na geração de energia elétrica que pode zerar o consumo das propriedades.

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