Produto causador da explosão em Beirute está seguro no Brasil?
O Brasil já registrou dois incidentes, mas nenhum deles se compara ao do Líbano. Confira como o País aprendeu a lidar com o composto e que é um dos grandes ingredientes da produtividade no campo
Há exatamente uma semana, no dia 4 de agosto, o mundo ficou em choque com imagens impressionantes de uma grande explosão no Porto de Beirute, no Líbano. A causa? A detonação de 2.750 toneladas de nitrato de amônio, armazenadas há cerca de seis anos, segundo o primeiro-ministro do Líbano, Hasan Diab. O incidente, sem precedentes na história, provocou a morte de 137 pessoas, deixou cerca de cinco mil feridos e colocou o mundo em estado de alerta.
O composto químico (expresso cientificamente como NH4NO3) é um dos ingredientes aplicados na agricultura como fertilizante, além de ser utilizado como matéria-prima para a fabricação de produtos hospitalares, como gases anestésicos, e de saneamento, para tratamento de esgotos.
O Brasil também possui o produto estocado em grandes quantidades, mas com regras de manuseio muito rigorosas, segundo Daniel Vidal Pérez, chefe de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Solos, do Rio de Janeiro (RJ). Por isso, é muito pouco provável que uma explosão como o que ocorreu em Beirute se repita por aqui. Em 2013 e 2017, foram registrados no Brasil com o composto químico, mas nenhum deles se compara à grande explosão que aconteceu no país árabe.
Para o especialista, a causa mais provável do incidente, no Líbano, foi a falta do cumprimento das regras de manuseio. “O composto provoca uma forte reação química quando mal utilizado”, diz o pesquisador. “Para chegar ao cenário que ocorreu em Beirute é necessário que a substância seja exposta a uma fonte de calor que leve a temperatura a mais de 200°C. Ali, infelizmente, foi um exemplo de tudo que não deve ser feito.”
O assunto foi debatido numa transmissão on-line da Embrapa e reuniu, além de Pérez, o pesquisador José Carlos Polidoro, especialista em fertilizantes, também da Embrapa Solos, e Cleiton Vargas, vice-presidente de vendas e marketing da Yara Brasil, multinacional produtora de fertilizantes.
Nitrato de amônio é essencial ao agro?
O composto químico é essencial, sim. O produto saiu de uma pesquisa do Nobel de Química, Fritz Haber. “Se fosse hoje, ele ganharia o da Paz, porque esse invento gerou todos os fertilizantes nitrogenados do mundo”, diz Polidoro. “Essa criação é responsável por alimentar 40% da população brasileira.”
O nitrato de amônio é feito a partir da mistura do gás amônia com o ácido nítrico. A produção mundial total é de 48 milhões de toneladas. Além deste composto químico, outros três formam os principais grupos de fertilizantes: a ureia, o principal e mais utilizado no mundo, o sulfato de amônia e o nitrato de cálcio. Pelo seu grande caráter explosivo, é o Exército brasileiro que faz a fiscalização e monitoramento do produto.
Podemos produzir sem isso?
Com o atual status de produtividade agrícola no mundo, é praticamente impossível produzir sem o uso desses fertilizantes. Segundo o executivo da Yara, se ficássemos um ano sem produzir fertilizantes, metade da população mundial fica sem comida. “Esse insumo possui um papel fundamental para alimentar a população mundial em constante crescimento”.
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