Saiba como o manejo integrado de pragas combate ameaças no campo
Técnica serve principalmente para não causar resistência de patógenos, manter a eficácia de produtos sintéticos no combate às ameaças fitossanitárias
É bem possível que você já tenha ouvido falar em superbactérias. Esses micro-organismos, que atacam o homem provocando inúmeras doenças, são um dos maiores desafios da ciência e podem levar a milhares de mortes, todos os anos. Grande parte desse mal pode ter se agravado por conta de medicações baseadas a partir de um composto químico. Ao longo do tempo, ao serem combatidas com um determinado medicamento, muitas bactérias sofreram mutações e aprenderam a resistir às substâncias, tornando-se resistentes. E assim como os humanos, as plantas e animais também são expostos a superbactérias, ou a superfungos e até a super plantas daninhas. Para enfrentar as ameaças fitossanitárias na agricultura e na pecuária e promover a sustentabilidade no campo, uma importante técnica foi desenvolvida e vem sendo adotada amplamente no País. Trata-se do do manejo integrado de pragas e doenças.
Apesar de ter um nome técnico e, por vezes ser mais reconhecido por suas siglas MIP ou MIPD, sua explicação é bem simples. Consiste no maior uso de tecnologias diversificadas e disponíveis para o controle de plantas daninhas, insetos, fungos, bactérias e vírus que podem atacar uma plantação inteira. O objetivo, segundo pesquisadores da Embrapa, é que, a partir dessa técnica, as plantas possam expressar sua resistência natural às pragas e patógenos, protegendo os organismos benéficos às plantas.
O mesmo conceito também é utilizado no tratamento de doenças em humanos. Para não causar resistência de agentes transmissores de doenças, é necessário adotar mecanismos distintos de ataque e estimular o próprio sistema imunológico. Assim, é possível conter o desenvolvimento das pragas, retardar sua resistência aos tratamentos e manter a eficácia dos produtos disponíveis no combate desses males.
No campo, por exemplo, os principais problemas de resistência não chegam à gravidade de uma superbactéria, mas a resistência de certas espécies de plantas daninhas é preocupante. Essas plantas nascem no mesmo espaço de lavouras importantes como a soja, o feijão, o milho e o arroz, e roubam seus nutrientes, o que pode resultar em prejuízos com baixos índices de produção.
Os métodos de controle
Na agricultura, para cada tipo de lavoura – cereais, oleagionosas, leguminosas, frutas e verduras – existem as respectivas pragas e doenças consideradas de importante controle. Mas existem grupos de ações semelhantes num manejo integrado como: a ação de predadores naturais, produtos sintéticos (químicos), orgânicos e biológicos, de sementes de qualidade e de plantas mais resistentes a doenças, de rotação de culturas, de tratos especiais no solo, e até, do vazio sanitário.
O vazio sanitário um importante item no MIP da soja, por exemplo. Trata-se do período de no mínimo 60 dias sem cultivo da soja ou a presença de plantas de soja voluntárias (que não foram colhidas ou que germinaram após a colheita). A técnica é importante no controle da doença ferrugem asiática, causada por um fungo.
Dependendo do tipo de controle, é possível adotar uma série de métodos aliando a precisão do controle químico, com o baixo impacto ambiental de produtos biológicos. Sempre pensando que, no próprio ambiente há espécies que podem naturalmente ajudar a eliminar pragas e doenças nas lavouras como algumas espécies de insetos, pássaros e micro-organismos naturais do solo. A rotação de culturas é boa prática no manejo integrado pois pode reduzir a pressão de pragas que incidem numa determinada lavoura.
No entanto, antes de qualquer tipo de manejo, o produtor tem de estar ciente de qual praga ou doença está mais presente em sua lavoura. Isso se faz com um monitoramento na plantação. Essa prática será sempre necessária para identificar a dosagem e a técnica adequada para cada tarefa de controle, além de indicar quando deve ser iniciado o tratamento na plantação.
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