Empresa brasileira investe US$ 800 milhões na 1ª biorrefinaria do Hemisfério Sul

Empresa brasileira investe US$ 800 milhões na 1ª biorrefinaria do Hemisfério Sul

Serão produzidos biocombustíveis avançados a partir resíduos de gordura animal, óleos vegetais e óleos de cozinha usados

Os biocombustíveis ganharão mais força a partir de um investimento nacional. Com investimentos e participações em empresas agroenéticas, já produzindo biodiesel e energia elétrica no País a partir de fontes renováveis, a holding brasileira ECB Group construirá a primeira biorrefinaria de biocombustíveis avançados do Hemisfério Sul. Serão US$ 800 milhões aplicados numa unidade no Paraguai. A iniciativa marca o primeiro projeto de biocombustíveis avançados no país vizinho e o maior investimento privado na história do Paraguai.

“Quando tratamos de biocombustíveis, estamos vivendo o auge da primeira onda com o etanol e biodiesel como protagonistas”, explica o executivo Erasmo Carlos Battistella, CEO do ECB Group. “Neste ambiente, também temos os biocombustíveis avançados, como o chamado diesel verde (HVO, na sigla em inglês para Hydrotreated Vegetable Oil) e o combustível sustentável para aviação (SPK, do inglês Synthetic Paraffinic Kerosine, ou SAF, Sustainable Aviation Fuel). Eles serão indispensáveis para combater as mudanças climáticas e cumprir as metas de redução de gases de efeito estufa (GEE)”.

Os biocombustíveis HVO e SPK são avançados porque podem ser produzidos com métodos limpos (com menos emissões de CO2) a partir de resíduos de gordura animal, óleos vegetais e óleos de cozinha usados, segundo Battistella. Os biocombustíveis avançados permitem que os resíduos gordurosos sejam reciclados e transformados em uma fonte de energia mais limpa e eficiente.

Erasmo Carlos Battistella, CEO do ECB Group

Pátio fabril

A biorrefinaria é chamada de Omega Green e será construída na cidade de Villeta, próxima à capital Assunção. O início de operação está previsto para 2024. Além de fabricar o HVO e o SPK, a unidade também produzirá a nafta verde, usada na indústria química para fazer plástico verde e demais produtos.

Quando entrar em operação, a Omega Green produzirá até 20 mil barris por dia de diesel renovável e combustível verde para aviação. O complexo deve gerar mais de três mil empregos durante a construção e 2,4 mil empregos diretos e indiretos quando estiver em plena operação. O ECB Group estima que mais de 20 mil famílias de pequenos agricultores se beneficiarão de programas de certificação social para produzir matérias-primas para a biorrefinaria.

Modelo de como ficará a Omega Green, no Paraguai

Vantagens ambientais

Os biocombustíveis avançados têm as vantagens ambientais e sociais que biocombustíveis como o biodiesel já oferecem:

  • redução de até 85% nas emissões de gases de efeito estufa;
  • geração de emprego e renda no campo;
  • diminuição da poluição do ar – principalmente nas grandes cidades;
  • economia de recursos públicos em mortes e internações provocadas por problemas respiratórios.

Os biocombustíveis de primeira geração, como o biodiesel e o bioquerosene, podem operar apenas até -5°C, os avançados podem funcionar a temperaturas muito mais baixas. Já o SPK, por exemplo, pode operar a -45°C, ideal para uso por companhias aéreas, um setor que precisa de soluções eficazes para reduzir as emissões de CO2.

“O setor de aviação tem feito pouco ou quase nada para a redução dos gases efeitos estufa e vai precisar trabalhar muito em tecnologia para reduzir em 50% as emissões até 2050. A chegada de um novo combustível sem necessidade de alteração de motor deverá ter um papel muito importante nesse setor”, afirma Battistella.

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