“Nossa água é extremamente segura”, afirma toxicologista
Recentemente alguns veículos repercutiram uma matéria da Agência Pública sobre uma possível contaminação por agrotóxicos das águas que abastecem as capitais do Brasil.
Conversamos com especialistas para entender se há riscos à população e se a pesquisa estava correta.
Descobrimos que os dados foram apresentados de forma inexata e que não há nenhum risco a saúde da população.
“Na metodologia apresentada há uma sucessão de erros que não permite concluir de forma correta que há risco para a população”, aponta Claud Goellner, doutor em toxicologia pela Universidade de León.
O especialista também reforça que foram desconsideradas uma série de variáveis como a origem das amostras e a segregação de ingredientes ativos diferentes em seus locais e tempo.
“Assim, não é possível afirmar que estas substâncias estavam presentes simultaneamente e na mesma amostra”, esclarece.
Apenas 0,3% das análises realizadas estão acima dos valores máximos estabelecidos pelas autoridades brasileiras.
É incorreto considerar contaminação a simples presença de resíduos sem verificar se os valores estão abaixo ou acima do Valor Máximo Permitido (VMP).
Várias instituições e agências reguladoras internacionais e do Brasil não encontraram associação dos ingredientes ativos em questão e efeitos toxicológicos como teratogenicidade, carcinogenese, mutagenicidade e disrupção endocrinológica na interação entre essas substâncias.
O monitoramento da água é uma questão importante para a população e precisa ser tratada de maneira ampla.
Deve-se esclarecer que os ingredientes ativos constantes na matéria também são usados por outros setores, como por exemplo produtos veterinários, controle de pragas urbanas, saúde pública, entre outros.
Leia agora os principais pontos da nossa conversa com o Dr. Claud Goellner:
Recentemente alguns jornais divulgaram que há contaminação de agrotóxicos nas águas das cidades. Como o senhor avalia essa pesquisa?
Considerando-se os dados do Sisagua e os sistematizando de forma correta, podemos afirmar taxativamente que nossa “água de beber” é extremamente segura, senão a mais segura de todas.
Há risco para a população?
É preciso considerar que se o resíduo estiver acima do Valor Máximo Permitido (VMP) não significa necessariamente risco a saúde.
Uma abordagem correta nos permite quantificar o risco e posso afirmar que pelos dados que temos que a estimativa do risco seria favorável, ou seja um risco negligenciável.
A interação entre resíduos de agrotóxicos pode aumentar o risco à saúde?
Está questão de interação até o presente momento, na maior parte dos casos, não passa de um exercício de imaginação.
A pesquisa toxicológica mostra que são poucos os casos de interação e soma ou aumento de efeitos tóxicos.
Não podemos nos esquecer que os valores encontrados estão muito abaixo do limiar de toxicidade.
Como são feitos esses estudos no resto do mundo?
Os estudos de monitoramento de resíduos de produtos fitossanitários e sua avaliação de risco divergem entre alguns países, tanto na metodologia quanto em sua abordagem.
O importante é entender que o Brasil utiliza uma metodologia internacionalmente correta, validada e adequada à sua realidade climática e agrícola.
É inconcebível e irresponsável a forma como os dados foram utilizados e divulgados. Um completo desserviço. Penso que pior que não conhecer o risco, é ter uma noção equivocada deste risco.