A2 é o leite do futuro

A2 é o leite do futuro

Conheça a nova tendência do mercado lácteo em todo o mundo

Uma tendência ganha força entre os produtores de leite do País: a produção de leite A2. O alimento é menos alergênico por não possuir um tipo de proteína (as beta-caseínas, que correspondem a 30% das proteínas do leite). Mas não se engane: todos, em algum momento, já consumiram (ou ainda consomem) esse tipo de leite.

O leite materno é A2, assim como o das demais fêmeas mamíferas que tem em seu DNA os alelos A2A2. Entre elas estão as cabras, as búfalas, as éguas e as camelas. Até cerca de oito mil atrás, as fêmeas bovinas também só produziam esse leite. Uma mutação genética fez com que esses animais tivessem os genes A1, especialmente em bovinos taurinos como as raças holandesas (animais com maior aptidão leiteira) e, aí, sobressaiu o leite A1.

Pesquisadores da Embrapa estão numa cruzada para que o produtor brasileiro possa selecionar somente bovinos com genes A2A2. Atualmente os tipos genéticos são os A1A1, A1A2 e A2A2. E há indícios de uma alta frequência do gene A2 nos rebanhos, segundo pesquisadores da Embrapa Gado de Leite, com sede em Juiz de Fora (MG). Por isso resta apenas dar mais ênfase a essa característica, fazendo a genotipagem dos animais e escolhendo o sêmen de touros que já possuem os alelos A2A2.

“Se o criador optar pelo uso conjunto dessas ações, sem reduzir drasticamente o rebanho, o tempo necessário para que todos os animais da fazenda sejam A2A2 poderá variar de duas a três gerações, cerca de dez a 15 anos”, diz o pesquisador da Embrapa, João Cláudio do Carmo Panetto.

Leite A2 no mundo

Os estudos do leite A2 vieram de pesquisadores da Nova Zelândia desde a década de 1990. O país é atualmente o maior exportador mundial de leite em pó e produz leite A2 desde 2003. O país registrou comercialmente o nome A2 Milk e certifica laticínios e fazendas que produzem exclusivamente o leite A2. Outro grande exportador é a Austrália. Na Oceania é possível comprar leite e derivados lácteos em diversas lojas e cafés. O produto também já é visto nas gôndolas de supermercados da Inglaterra e dos Estados Unidos.

Recorde de produção no Brasil

O recente estudo do IBGE, sobre a produção da pecuária municipal, apontou que o Brasil produziu 33,8 bilhões de litros de leite no ano passado. O resultado é 1,6% maior que a produção de 2017. O Estado de Minas Gerais foi o maior produtor, com 8,9 bilhões de litros, 26,4% do leite produzido nacionalmente. De 2017 para 2018, o preço médio nacional por litro de leite foi R$ 1,16, com alta de 4,7%, o que resultou em um valor de produção de R$ 39,3 bilhões. Pela pesquisa, foram ordenhadas 16,4 milhões de vacas, o que representam 7,7% do efetivo de rebanho bovino brasileiro.