Agricultura moderna combate desperdício de água com tecnologia
Algumas inovações desenvolvidas no Brasil, Israel e Índia reduzem o consumo de água entre 60% e 90% nas lavouras
É frequente ouvir dizer que, anualmente, a agropecuária usa 70% das águas dos rios. O dado é uma média mundial estimada pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês). No entanto, a Agência Nacional de Águas (ANA), foi mais precisa em seu mais recente estudo: neste ano de 2019, a agropecuária brasileira deve usar 58,2% da reserva de água para irrigação de lavouras e para a criação de animais na pecuária. Em 2030, o órgão projeta um consumo de 59,6%.
Mas o que, de fato, deverá acontecer nos campos é uma gradual redução no consumo de água. Isso porque o impacto de muitas inovações de economia de água nas fazendas ainda não fazem parte dos modelos estatísticos da FAO e da ANA. Hoje, inúmeras tecnologias, algumas desenvolvidas aqui no Brasil, tem o potencial de poupar cada vez mais água. Confira abaixo algumas delas.
Irrigação digital
A Agrosmart, startup de Campinas (SP), tem nas mãos uma das melhores soluções para reduzir o uso de água a partir de um monitoramento digital da lavoura em tempo real. Um sistema de inteligência artificial passa a recomendar os momentos certos de irrigação com base em informações captadas por sensores de solo espalhados nas áreas de plantações e de imagens de satélite. Os produtores podem diminuir em até 60% a quantidade de água utilizada. A empresa inclusive desenvolveu um projeto junto à Nasa, a agência espacial americana, de calibragem de satélites para mapear áreas ideais para a agricultura.
Gotejamento
A israelense Netafim e a indiana NaanDanJain são atualmente as principais referências em tecnologias de irrigação por gotejamento no mundo. O sistema consiste numa irrigação por tubos que vão despejando a água (já enriquecida com fertilizantes) exatamente nas raízes das plantas. Há algumas plantações importantes que já se adaptam a essas tecnologias como a cana-de-açúcar, o café, e frutas em geral, como laranja e uva, por exemplo. A redução de água nesse sistema pode chegar a 80%.
Hidroponia
O sistema já faz parte de muitos cultivos de hortaliças no Brasil há décadas, como a alface – cultura mais adaptada a esse sistema. O cultivo é feito em canos PVC com orifícios para cada muda de alface. De um nível mais alto até o mais baixo, a água (enriquecida com fertilizantes) vai circulando pelo sistema de canos e alimentando os vegetais. A ideia do cultivo hidropônico também veio de Israel e pode chegar a economizar 90% da água.