Agro brasileiro está bem vacinado
Economista da Fundação Getúlio Vargas não vê sinais de infecção na produção agropecuária brasileira. Pelo contrário. A saúde do campo está firme e forte
Essa semana, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou estado de pandemia do novo coronavirus, mas antes disso os impactos da doença já vinham sendo devastadores para a economia mundial. Aqui no Brasil não foi diferente. Foram registradas de quedas no mercado financeiros à fuga de investimentos estrangeiros.
Mas e quanto aos efeitos de tudo isso no agro brasileiro?
“Nada até agora”, atesta o economista Felippe Cauê Serigati, professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV EESP) e pesquisador do Centro de Agronegócios da FGV (GV Agro). Apesar de os preços de commotidies como a soja estarem menores, em relação ao início de 2019, a alta cotação do dólar, compensou as quedas.
A análise, no entanto, refere-se aos acontecimentos até o mês de fevereiro. “Só nos próximos meses poderemos realmente perceber se houve algum efeito negativo”, diz Serigati.
Análise detalhada do agro
Os preços das commodities agrícolas estavam operando em um patamar menor no final de fevereiro do que estava na virada do ano. O índice de preços de commodities agrícolas contraiu -2,8% em fevereiro, em comparação com o mês anterior, segundo o Banco Mundial. Serigati frisa que essas quedas nem se compara às quedas de valor das demais commodities fora do agro.
“Vale a pena destacar que houve o recuo das cotações de preços de commodities energéticas (-12.7%) e de commodities minerais e metálicas (-6.0%)”, aponta Serigati, no estudo.
Real desvalorizado valorizou o agro!
Em termos de valor (em US$), o agronegócio brasileiro exportou em fevereiro 3,3% a mais do que em fevereiro de 2019 (média por dia útil), e 35,4% a mais que em janeiro de 2020 (também média por dia útil), de acordo com o levantamento do FGV Agro a partir dos números do MDIC.
Esse efeito foi por causa da desvalorização do real perante o dólar, porque todas as operações são feitas em dólar. Então a cada dólar recebido, são mais reais que entram na economia brasileira.
Algumas commodities do agro brasileiro impulsionaram esse ritmo de alta. As principais foram as carnes de aves e suínos que subiram 26,6%, em termos de valor; carne bovina (+19,7%), café (+3,4%) e soja (+4.2%). Essas altas referem-se à variação da média por dia útil de fevereiro deste ano contra o mesmo período de 2019.
Importações em baixa
Já no lado das importações, em fevereiro, houve diminuição (10,0 %) do valor dos produtos importados pelo Brasil da China (média diária). Nessa contração, merece especial destaque a queda de 27,5% dos insumos agropecuários e a queda de 4,9% dos produtos têxteis.
O AgroSaber continua atento para os próximos capítulos dessa história. Gostou da matéria? Compartilhe-a em suas redes sociais (os links estão logo abaixo)!