Agro brasileiro já bate à porta do consumidor através de clubes de assinatura

Agro brasileiro já bate à porta do consumidor através de clubes de assinatura

Conheça algumas iniciativas por trás da entrega de alimentos através de clubes de assinatura e que estão ajudando os produtores a atravessar a crise do novo coronavírus

Há cerca de um mês, moradores de municípios do litoral norte gaúcho passaram a receber, na porta de suas casas, cestas bem sortidas de alimentos e vindas direto da fazenda. Além de frutas, legumes e ovos frescos, são entregues aos consumidores também alimentos processados, no próprio sítio, como açúcar mascavo, farinha de milho, geleia de frutas e leite. “Os pedidos funcionam por um formulário do Google e temos atendimento pelo WhatsApp”, diz o produtor rural Bruno Engel Justin, presidente da Cooperativa Mista de Agricultores Familiares de Itati, Terra de Areia e Três Forquilhas (Coomafitt).

A cooperativa, sediada em Itati (RS), entrou na onda do sistema de venda de cestas de alimentos por assinatura. A iniciativa está se revelando um excelente canal de vendas aos produtores rurais, que tiveram o comércio paralisado por conta da pandemia da Covid-19. “A entrega das cestas em domicílio tem sido uma estratégia importante para gerar renda no campo e garantir acesso a alimentos frescos e saudáveis da agricultura familiar a população.”

A estratégica da Coomafitt vai bem na linha de raciocínio do deputado federal, Alceu Moreira, presidente da Frende Parlamentar da Agropecuária (FPA), na live do dia 19 de abril (domingo). “O produtor precisa usar a criatividade para enfrentar essa crise e poder chegar o consumidor através de serviços de entrega.”

Cooperativismo unido

Apesar de o País já ter à disposição serviços de startups de logística como a da colombiana Rappi, as entregas do agro para a cidade estão sendo realizadas pelos próprios produtores e serviços de transporte de empresas e entidades parceiras. Além da Coomafitt, outras cooperativas de produtores ligadas a Rede de Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária do Rio Grande do Sul (Redecoop) estão fazendo o serviço semelhante de entregas de produtos em domicílio.

“Para a realização das entregas, utilizamos frota própria da cooperativa e complementamos com veículos de parceiros que realizam serviço de frete”, explica Justin.

O modelo de comércio é bem inicial e, por isso, ainda não tem um plano definido de assinatura. “Estamos até discutindo um e-commerce para a cooperativa, pois entendemos que esse atendimento pode continuar pós pandemia e representa uma grande oportunidade para a agricultura familiar”, diz Justin.

Atualmente as cestas são entregues semanalmente e variam de R$ 30 (10 variedades de alimentos com cerca de 5 quilos) a R$ 85 (12 variedades com 17 quilos). Todos os 270 produtores da cooperativa estão se beneficiando desse canal de vendas. Atualmente esse grupo produz anualmente de 6,4 mil toneladas de 88 variedades de alimentos. “Quando alguém compra uma cesta da Coomafitt, está fortalecendo o cooperativismo, gerando renda para o agricultor e viabilizando a permanência dos jovens no campo.”

Cesta de alimentos ‘feios’

O caminho trilhado pelos pequenos proprietários gaúchos é um exemplo de algumas das iniciativas que começaram muito antes do início da pandemia. O trabalho da startup Fruta Imperfeita, fundada no final de 2015 em São Paulo (SP), é atuar na luta contra o desperdício, com o comércio de frutas, legumes e verduras historicamente preteridos pelo consumidor nas gôndolas dos supermercados: alimentos com formatos e cores fora do padrão, considerados com “defeitos”, mas igualmente saudáveis e nutritivos como os que estão entre os classificados como perfeitos.

A alternativa, que garante um preço justo a um alimento que era simplesmente descartado, ainda na fazenda, passou a ter um novo significado nessa época de pandemia. Cerca de 30 produtores e mais três cooperativas agrícolas do Estado de São Paulo abastecem a startup. Em 2018, ela registrou 350 mil toneladas de alimentos recebidos e vendidos. Em 2019, o comércio foi de cerca de 700 mil toneladas.

Por cerca de R$ 100 mensais, o consumidor recebe em casa, semanalmente, uma cesta com cinco tipos de frutas e cinco de legumes. Entre os alimentos estão bananas, maçãs, batatas, mamões, cenouras, pepinos, tomates, laranjas, entre outros tipos dependendo da estação.

O AgroSaber continua atualizando seus leitores sobre os impactos do novo coronavírus no agro brasileiro. E aí gostou da matéria? Você pode: curtir, comentar e compartilhar (os links de suas redes sociais estão logo aí abaixo)