Agro brasileiro tem mais oportunidades nas arábias
Estudo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada revela um cenário favorável para as carnes
Os países da Liga Árabe são importantes destinos do agronegócio brasileiro. Ainda assim, a Equipe de Política Agropecuária do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, de Piracicaba (SP), evidencia nesta nova análise que ainda há uma grande oportunidade para uma ampliação – e consolidação – do fluxo comercial de produtos agropecuários e agroindustriais brasileiros (em especial carnes e derivados) para os países membros da Liga Árabe.
Balança comercial
Desde 2019, a balança comercial brasileira com os países da Liga Árabe é superavitária. Entre 1997 e 2019, as exportações brasileiras para esses países cresceram, em média, 8,8% a.a., ao passo que as importações evoluíram em menor ritmo, 5,1% a.a..
Os principais produtos exportados pelo Brasil no ano passado foram açúcar, carne de frango, miúdos e pedaços de carne de frango congelada, minério de ferro, milho e carne bovina desossada refrigerada e congelada, que representaram cerca de 70% da pauta. Já os produtos importados pelo Brasil dos países da Liga Árabe consistiram em combustíveis minerais (petróleo e seus derivados) e adubos (fertilizantes), responsáveis por cerca de 80% do valor total despendido.
Ações
Com o objetivo de estreitar as relações entre os países, pesquisadores do Cepea indicam que o governo brasileiro vem realizando visitas técnicas nos Emirados Árabes Unidos (EAU), Catar e Arábia Saudita. Especificamente no setor agropecuário, representantes do Brasil realizaram visitas técnicas em quatro países árabes (Egito, Arábia Saudita, Kuwait e EAU), no intuito de fortalecer parcerias comerciais e abrir mercado para esses produtos.
Como resultado, foram autorizadas as exportações brasileiras de lácteos, ovinos e caprinos para o Egito, castanhas, derivados de ovos e frutas à Arábia Saudita e mel para o Kuwait. Além disso, foi discutida cooperação técnica na agropecuária (em especial, pesca e aquicultura no Kuwait) e a formalização de convênios entre centros de pesquisa brasileiros e egípcios.
Na Arábia Saudita e principalmente nos EAU, foram apresentadas as oportunidades de investimentos em infraestrutura, em particular a Ferrogrão e a Ferrovia de Integração Oeste-Leste.
Entraves
Apesar de todas essas ações, alguns entraves ainda precisam ser superados para a consolidação do Brasil no atendimento a este importante mercado. É fundamental, por exemplo, investir na infraestrutura logística nacional e na modernização dos portos brasileiros.
Outro fator preponderante é a diferenciação e agregação de valor a mercadorias exportadas. Nesse sentido, é preciso marcar positivamente a imagem do produto brasileiro no mercado internacional e as missões governamentais e os eventos realizados contribuem para esse fortalecimento. Além disso, a internacionalização das empresas brasileiras é estratégica, já que facilita um conhecimento mais profundo da cultura e dos hábitos e preferências de suas populações.
Pesquisadores do Cepea comentam que a manutenção e o fortalecimento do Brasil como protagonista no comércio internacional de produtos agrícolas requerem uma maior integração e alinhamento entre o setor privado e o público, tanto para promover o enforcement das políticas agrícola, ambiental e sanitária, quanto para tornar o ambiente de negócios mais ágil, eficiente e reduzir os custos de transação das atividades, inclusive, as comerciais, de forma a contribuir para o estreitamento das relações comerciais com grandes mercados consumidores, como é o caso dos países do Oriente Médio.
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Crédito: Ascom/Cepea