Brasil tem a maior produção de etanol da história, mas o biocombustível está por um fio

Brasil tem a maior produção de etanol da história, mas o biocombustível está por um fio

No jogo de cabo de guerra dos combustíveis, de um lado está o etanol, sustentável e renovável e, do outro, o petróleo, fóssil, poluidor e anormalmente barato. Qual sairá vencedor?

O agro brasileiro tem nas mãos uma potente máquina chamada cana-de-açúcar. Sim, da planta saem bebidas como a cachaça e o açúcar dos doces, mas também o biocombustível mais limpo, sustentável e renovável que se tem notícia – o etanol. A safra 2019/2020, foi encerrada com uma surpreendente notícia: a maior produção de etanol já vista na história do País. Foram 35,6 bilhões de litros, 7,5% maior da temporada 2018/2019, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Apesar da expressiva contribuição da cana-de-açúcar, o milho também tem participação, porque muitas usinas no País que fazem o etanol a partir do cereal. Na safra passada foram 1,6 bilhão de litros (4,5% do total produzido).

Apesar dos números da safra, o mercado de etanol não está bem das pernas. O baque vem justamente dos baixos preços internacionais do petróleo, iniciado com o embate entre os grandes países produtores em fevereiro deste ano e, agora, agravado com a pandemia do novo coronavírus. Medidas políticas e econômicas já foram solicitadas ao governo federal. Será que elas poderão vencer esse cabo de guerra?

Mais competitividade

A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), entidade representativa das principais unidades produtoras de açúcar, etanol e bioeletricidade da região Centro-Sul do Brasil, acredita que sim. As medidas, além de permitir que o etanol vença, são a saída para garantir a competitividade e a saúde o setor.

Entre as medidas estão um programa de uso de produto como garantia em empréstimo (warrantagem), a isenção temporária da carga tributária federal aplicada ao etanol hidratado (PIS/Cofins) e o aumento da Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico (Cide). O imposto encarece o litro da gasolina e faz com que o etanol fique mais atraente ao consumidor.

“Nosso apelo é para que as medidas sejam implementadas urgentemente, sob pena de não dar mais tempo”, afirma Evandro Gussi, presidente da Unica.

Sob o fio da crise estão 370 usinas e destilarias, 70 mil fornecedores de cana-de-açúcar, num total de 2,3 milhões de empregos diretos e indiretos. A ameaça é iminente, segundo a Unica. O etanol tem sido vendido abaixo de seu valor de custo e, se isso continuar, essas usinas serão obrigadas a interromper a safra que mal começou, com efeitos impensáveis para uma cadeia que envolve produtores de cana, fornecedores de máquinas e insumos, cooperativas e colaboradores em mais de 1.200 cidades brasileiras.

“Previmos uma safra de mais de 600 milhões de toneladas que, se não puder ser colhida, trará a destruição do setor, pondo milhões de famílias em todo o Brasil em situação de desespero”, diz Gussi.

Mais sustentável

Além de mover a economia brasileira, o etanol é uma potente ferramenta para reduzir as emissões de gases de efeito estufa em todo o mundo. A emissão de CO2 da queima de etanol é 90% menor que a da gasolina. As informações que correm é que o governo aprove as medidas nos próximos dias e que vença o etanol brasileiro.

O agro está fazendo o que pode para manter a economia e os empregos de pé! O AgroSaber continua atualizando seus leitores sobre os impactos do novo coronavírus no agro brasileiro. E aí gostou da matéria? Você pode: curtir, comentar e compartilhar (os links de suas redes sociais estão logo aí abaixo)