Craque brasileiro está na Copa do Mundo de baristas de Melbourne na Austrália
Conheça o empresário que cultiva e produz o próprio café, e mostra por que a bebida vem conquistando os gostos refinados
Boram Julio Um, 29 anos, empresário paulistano, formado em administração, produtor de café e descendente de uma família coreana, passará por um teste de fogo dentro de alguns meses: terá de provar que o café brasileiro é o melhor de todos os cafés produzidos no mundo.
Campeão brasileiro de barismo, no ano passado, título concedido pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, sigla em inglês), Um vai representar o barismo brasileiro no World Barista Championship (WBC), que ocorrerá em maio na Austrália, na cidade de Melbourne, durante o Melbourne International Coffee Expo (MICE).
O torneiro é considerado a Copa Mundo para os baristas, o qual classifica os melhores preparadores de bebidas à base de café. “Já fui treinador de vários competidores”, diz Um. “Agora é a minha estreia.” Além da modalidade de barismo, o WBC abriga também as modalidades de provadores (Cup Tasters), desenho em espuma de leite (Lattè Art), cafés coados (Brewers) e drinks alcóolicos de café (Coffee in Good Spirits). Por isso além do empresário, outros 4 participantes compõem a delegação brasileira na Austrália.
O café está no sangue
A paixão de Boram pelo café vem das raízes que sua família fincou no País, com a produção do grão. O pai dele, Stefano, 53 anos, é proprietário da Fazenda Um, no interior de Minas Gerais, de onde são colhidos, por ano, de 120 mil quilos a 180 mil quilos de café – a maior parte disso (70%) são cafés classificados como grãos especiais ou premium. “Apesar de o Brasil já ter um histórico nessa produção, ainda é um mercado novo, com cerca de 20 anos no mundo”, diz Boram. “Hoje, o consumidor está aprendendo a saborear um bom café.”
Dessa paixão, Boram ampliou o negócio de café da família. Ele e o irmão, Garam Victor, criaram há cerca de três anos uma rede de cafeterias pela capital paulista, atualmente com quatro unidades. A primeira delas, no bairro do Bom Retiro, no centro de São Paulo, possui um espaço próprio para a capacitação e formação de baristas. No ano passado, cerca de 270 pessoas passaram pelo treinamento dos dois irmãos.
Festival de sabores
É com uma safra especial que o barista paulistano deverá atrair a atenção dos jurados para um festival de sabores e de novas experiências a cada prova de suas bebidas. Pelo regulamento, Boram tem de apresentar quatro expressos, quatro cappuccinos e quatro bebidas de autoria própria. O empresario planeja levar o que há de melhor da região da Mantiqueira, de Minas, com cafés com notas de caramelo, chocolate ao leite, açúcar mascavo e sabores frutados de ameixas, uva passa e laranja.
Pode até não ser fácil atingir notas dos cafés etíopes (considerados os mais saborosos do mundo), com notas de flor de jasmim e de laranja. Quem sabe seu sangue asiático possa render bons frutos. No ano passado, a sul-coreana Jooyeon Jeon foi a grande campeã no WBC. Em todo o caso, o AgroSaber e resto do Brasil está torcendo por ele.