Decisão do STF pode tirar emprego de 9,2 mil pessoas em Mato Grosso
O Estado pode perder R$ 2 bilhões em receita, mas a decisão do Tribunal Superior Federal que será tomada no dia 25 de agosto vai afetar proprietários de terras de todo Brasil
Um estudo do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em Cuiabá (MT), estimou uma perda de R$ 1,95 bilhão no Valor Bruto da Produção (VBP) de soja, milho, algodão e carne bovina caso o Supremo Tribunal Federal (STF) decida, no próximo dia 25, por ampliar as demarcações de terras indígenas em Santa Catarina. Como a decisão poderá afetar todo o Brasil, o estudo fez uma análise sobre o que aconteceria em Mato Grosso.
Ao todo, 50 municípios serão impactados negativamente, afetando em torno de 1,04 milhão de pessoas, 29,62% da população mato-grossense, que vive basicamente da atividade agropecuária. Em território total, esses produtores somam 51,81 milhões de hectares, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e correm o risco de perder cerca de 4,42 milhões de hectares, extinguindo lavouras e áreas de produção de bovinos. Além disso, com o fim dessas atividades econômicas no Estado, 9,2 mil trabalhadores poderão perder seus empregos.
“O resultado pode ser ainda maior, pois outro impacto são os dos impostos, tanto a nível municipal, estadual e federal, e que deixam de ser gerados por conta dessa redução. Se eu diminuo a produção agropecuária da região, não só reduzo o faturamento, mas também reduzo os gastos do produtor e de sua família e de todos os assalariados que estão envolvidos direta e indiretamente”, explica o economista e superintendente do Imea, Daniel Latorraca.
Considerando as perdas econômicas do VBP, o maior impacto seria na produção de soja em grão, visto que 225,74 mil hectares de áreas da lavoura seriam extintos, com impacto de R$ 1,01 bilhão de perdas no faturamento total dos municípios. Em seguida, vem os prejuízos com a redução da área utilizada para a pecuária em 906,17 mil hectares e perdas de R$ 390,26 milhões.
Os produtores de milho sofreriam a eliminação de 104 mil hectares de produção, que acarretaria um prejuízo de R$ 328,29 milhões. Enquanto isso, a previsão é que a produção de algodão em caroço sofrerá perda de 15,51 mil hectares com impacto de R$ 216,42 milhões nas receitas.
Soja
O Imea estima que 789,42 mil toneladas de soja deixariam de ser produzidas nos 50 municípios. Santa Cruz do Xingu seria o principal município afetado, visto que 62,82% da sua produção de soja deixaria de existir.
Milho
Com a extinção das áreas de cultivo de milho no Estado, a safra do cereal diminuiria em 674,76 mil toneladas. Santa Cruz do Xingu seria novamente o mais afetado com a perda de 62,82% de sua produção.
Algodão
Já as perdas com a fibra são equivalente a 70,16 mil toneladas de algodão em caroço. A extinção da lavoura impactaria o município de Juscimeira que deixa de colher 36,15% da sua produção.
Pecuária
O estudo do Imea estima que 29,36 mil toneladas de carne bovina deixariam de ser produzidos. O município de Nova Nazaré seria o mais impactado, com a perda de 53,37% de toda sua produção.
Empregos
A atividade agropecuária é um dos grandes motores da economia e geração de empregos diretos e indiretos no Estado, considerando também os empregos induzidos (vagas de trabalhado que são criadas a partir dos salários da população empregada do agro).
A extinção das áreas de produção agropecuária deixaria de empregar 9,16 mil trabalhadores. O cultivo da soja representa 70,62% do total de empregos diretos, indiretos e induzidos dos 50 municípios com áreas abrangidas, vindo em sequência a bovinocultura de corte com 26,92%.
Caso as áreas sejam consolidadas como território indígena, só no cultivo da soja seriam extintos 6,47 mil empregos diretos, indiretos e induzidos que são gerados através do cultivo do grão. Na pecuária, o impacto é de redução de 2,47 mil empregos. Já na produção de algodão e de milho, as perdas são de respectivamente 193 e 33 empregos.
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