E se… O Brasil não usasse inseticida no algodão

E se… O Brasil não usasse inseticida no algodão

Confira o quanto a falta do controle químico prejudicaria o cultivo da fibra natural que mais veste o brasileiro e que mais rende divisas ao País

O AgroSaber finaliza a série “E se…” que apresenta os cenários de um agro sem a aplicação de pesticidas sintéticos. As matérias anteriores traçaram os cenários da soja e do milho. Essa série de matérias finaliza com os impactos para a cultura do algodão, importante matéria-prima para a indústria de moda e para a economia do País, como um dos itens que mais crescem na pauta das exportações do agro brasileiro.

O estudo foi feito por uma equipe de pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea/Esalq) e que está ligada à Universidade de São Paulo.

A ausência do controle químico também produz um efeito negativo gigante no cultivo do algodão, seguindo a linha dos demais. Isso porque, sem os defensivos químicos, o custo da produção aumentaria com maior área plantada e mais gastos com insumos, como água e mão-de-obra. As perdas geram inclusive efeitos no aumento do custo dos alimentos para os consumidores.

Acompanhe a linha de raciocínio do Cepea se não houvesse a aplicação de inseticida, na safra 2016/2017, para o controle do bicudo do algodoeiro – a praga que praticamente dizimou essa lavoura no Nordeste, no passado.

O ganha e perde

Se os produtores não utilizassem o inseticida para o controle do bicudo:

🤠 R$ 460 milhões seriam economizados por não terem de comprar os inseticidas.

😵 30% seria a quebra da safra de algodão.

Cenário 1

Nesse primeiro cenário, os produtores compensariam suas perdas de produtividade ampliando a área plantada. Desta forma, manteriam o total da produção, que seria obtido se tivesse ocorrido o controle das pragas e doenças. Com isto, o preço de mercado seria mantido e sem afetar o consumidor.

Então, se houvesse a compensação das perdas de 30% com o plantio em mais áreas, o resultado seria:

🤬 R$ 2,53 bilhões seriam gastos adicionais com terra, mão-de-obra e capital privado (não inclui custos de abertura de novas áreas e infraestrutura produtiva e logística).

Cenário 2

Nesse cenário hiopotético, o porodutor não faria a compensação da área em razão das perdas de 40% da produção, causadas pelas pragas. Portanto, pela lei de oferta e demanda, logo os preços seriam ajustados no País, conforme as condições dos mercados interno e externo. Isso geraria impactos sobre o custo de vida, assim como também sobre as receitas das exportações.

Então, se não houvesse compensação o plantio em mais áreas haveria:

😱 5,5% de aumento do preço do algodão no País.

😵 26% de queda na receita bruta dos produtores, mesmo considerando o aumento dos preços.

Prejuízo ao produtor

🥵 R$ 1,39 bilhão de prejuízo no cultivo do algodão ao invés do lucro de R$ 90 milhões, registrado na safra 2016/2017.

😭 R$ 1,48 bilhão de prejuízo total ao produtor brasileiro.

Prejuízo ao Brasil

😭 26,2% de queda no valor das exportações.

🤢 0,024 ponto percentual de aumento no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação no País.

🤕 0,12 ponto percentual de aumento sobre o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo sobre a cesta de alimentos (IPCA de alimentos).

Por isso é importante lembrar porque os agroquímicos são utilizados. Não é para envenenar ninguém e sim, para salvar a lavoura e o País, literalmente.