“Estamos muito mais protegidos que os Estados Unidos”, afirma Francisco Turra

“Estamos muito mais protegidos que os Estados Unidos”, afirma Francisco Turra

Presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) afirma que a agroindústria brasileira de processamento de carnes suína e de aves segue firme e cada vez mais rigorosa contra a Covid-19

Na quinta-feira (7), volta a operar o frigorífico da JBS, no município de Passo Fundo (RS). A unidade de abate e processamento de carne de aves estava paralisada desde 24 de abril por determinação judicial, depois da (omitir -uma suspeita) de casos de Covid-19 entre alguns funcionários. “Após uma pesquisa feita, não se confirmou a contaminação de funcionários”, afirmou Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). “Houve relatos de que parentes desses funcionários tinham morrido. Quando foram investigados, os funcionários afirmaram que nenhum de seus parentes sequer foram atingidos pelos vírus.”

Segundo Turra, o risco de contaminação da doença é inerente, mas não pode ser um motivo de grande alarde. “Estamos muito mais protegidos que os Estados Unidos”, afirma o executivo que acompanha de perto a operação de uma cadeia produtiva de aves e suínos com 136 empresas. O país norte-americano sofre com unidades de produção fechadas e sacrifício de animais por não haver opções de locais de abate. Segundo Turra, o Brasil está fazendo tudo o que é possível para não chegar neste extremo.

A indústria brasileira está semanalmente revisando e reforçando seus protocolos de saúde entre os funcionários e adotando medidas que possam assegurar a produção de alimentos e manutenção da saúde dos trabalhadores. “São 500 mil pessoas na indústria de processamento de carnes de aves e suínos, e até hoje nós tivemos cerca de 100 casos de contaminações, vindo de fontes não oficiais”, diz Turra.

“Está sendo feita uma divulgação, à vezes, equivocada, porque há um protocolo executado por nossas indústrias”, diz Turra. “São protocolos extremamente rígidos com base nas instruções da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do próprio Ministério da Saúde”. Além disso, todas as indústrias ligadas à ABPA estão recebendo consultoria do Hospital Albert Einstein, uma das referências nacionais de saúde do País.

“Então é preciso considerar que não é uma brincadeira”, afirma Turra. “Não pode acontecer aqui no Brasil o que aconteceu nos Estados Unidos. Fecharam uma agroindústria, sem que houvesse um exame mais detalhado da possibilidade de conter o vírus.”

Protocolos mais rígidos

Entre as ações adotadas em fábricas de processamento de proteína animal está o afastamento preventivo de todos os colaboradores identificados como grupo de risco (com idade acima de 60 anos, doenças pré-existentes e outros). Ao mesmo tempo, houve a intensificação das ações de preventivas de saúde como, por exemplo, a medição da temperatura dos colaboradores em diversos momentos, durante a rotina de trabalho, como o AgroSaber já havia reportado.

Outras a ações foram implementadas como o aumento da rotina de higienização de todos os ambientes dentro e fora do frigorífico. Os veículos transporte passaram a receber atenção especial e foram adotadas medidas contra aglomeração, com a redistribuição de horários de refeição e transporte. A ABPA publicou recentemente um vídeo que falava justamente do compromisso das indústrias neste momento. Confira no link abaixo.

Vídeo mostra a intensificação dos cuidados para a saúde dos colaboradores nas agroindústrias produtoras e exportadoras da avicultura e da suinocultura do País

Longe da realidade americana

O agravamento da Covid-19 nos Estados Unidos é grande. Não é a toa que o país é o primeiro no mundo em número de casos. Eram cerca de 1,2 milhão de infectados, até o início da tarde de terça-feira (5), segundo a universidade Johns Hopkins, que virou referência no levantamento do número de casos da Covid-19 no mundo. Dados da instituição mostram que o país concentra 32,7% de infectados globalmente.

O Brasil configura em 9º lugar a lista da universidade e, para Turra, não há dúvidas que o País está mais preparado. “Apesar de um sistema de saúde com as limitações do brasileiro, ele está respondendo melhor na atuação contra o novo coronavírus”, afirma. Segundo o executivo, a resposta das autoridades brasileiras ao vírus está refletindo na manutenção do trabalho nas fábricas.

Segundo sua avaliaçãom, a produção de aves e suínos não deve ser abalada. Deve manter a faixa de produção semelhante ao ano passado, com 13,6 milhões de toneladas de carnes de frango e 4,1 milhões de toneladas de carne suína.

Exportações

“As exportações no primeiro trimestre deste ano foram até melhores que do primeiro trimestre de 2019”, diz Turra. “É um indício que a produção brasileira está caminhando firme e forte.”

No acumulado do ano, de janeiro a março, foram exportadas 1,021 milhão de toneladas de carne de aves, volume 8,8% maior que as 939 mil toneladas embarcadas no mesmo período do ano passado. A receita trimestral ficou em US$ 1,635 bilhão, número 6% maior que o saldo relativo a 2019, com US$ 1,542 bilhão.

Já o comércio internacional da carne brasileira suína, de janeiro a março, foi de 208 mil toneladas, número 32% acima do obtido no primeiro trimestre de 2019, quando as exportações bateram o volume de 157,5 mil toneladas. Em receita, houve aumento de 62,6%, com US$ 485,1 no primeiro trimestre deste ano, contra US$ 298,3 milhões nos três primeiros meses do ano passado.

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