Etanol é arma brasileira contra o aquecimento global
A meta das usinas de cana-de-açúcar é livrar a atmosfera de 590,8 milhões de toneladas de CO2 em dez anos
Já imaginou se houvesse um combustível capaz de captar o gás carbônico (CO2) no ar ao invés de espalhá-lo ainda mais? O gás é o principal responsável pelo o aquecimento global também conhecido por efeito estufa. Pode até parecer maluquice ou papo de futurista, mas, de fato, esse combustível já existe e possui tem uma história longa no Brasil: é o etanol.
Produzido por aqui através da destilação do caldo da cana-de-açúcar, o etanol é um dos biocombustíveis que mais poderá contribuir para a redução das emissões dos gases de efeito estufa no Brasil e no mundo. Serão 590,8 milhões de toneladas de CO2 a menos na atmosfera na próxima década.
O combustível por si só é renovável. Se por um lado, o etanol gera emissões de gases, por outro, as plantações de cana captam o CO2 naturalmente para o seu desenvolvimento. A área plantada com a lavoura no País é de 10,1 milhões de hectares. Isso representa 1,2% do território brasileiro. A meta dos produtores é potencializar ainda mais essa captação de CO2 pelas plantas com melhoramento genético, plantio de mais canaviais e melhorias na área industrial das usinas para o máximo aproveitamento da planta. Atualmente a produção de etanol é de cerca de 30 bilhões de litros, mas estima-se chegar a 50 bilhões, até 2030.
A emissão de CO2, desde o cultivo da cana-de-açúcar até a queima do combustível pelos veículos, é de 440 quilos a cada mil litros de etanol consumidos, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Enquanto o volume de emissão equivalente para a gasolina totaliza 2,8 toneladas por ano.
Renovabio
A promessa de descarbonização do etanol é defendida através da Política Nacional de Biocombustíveis, mais conhecida por Renovabio, criada pelo Ministério de Minas e Energia. Além de ser uma grande saída para o fim do aquecimento global, é uma excelente oportunidade para os produtores. Isso porque ela cria mecanismos econômicos que fazem com que as usinas passem a ganhar mais por tornar cada vez mais a produção eficiente e captando mais CO2 do ar. O Renovabio entra em vigor a partir do dia 24 de dezembro.
Futuro tórrido?
No ano passado, a emissão de gás carbônico (CO2) foi a maior da história. Foram despejadas na atmosfera cerca de 37 bilhões de toneladas de CO2 equivalente, 2,7% a mais do que em 2017, segundo o grupo científico The Global Carbon Project. No quadro mais otimista, mesmo com a redução de CO2 nos próximos anos, até 2100, a temperatura da Terra ficaria 2,3 graus centígrados mais quente. Na previsão mais pessimista, o planeta pode ficar 5,4 graus mais aquecido.
Mas se depender do setor agrícola, esse quadro vai mudar. Além do Renovabio, outras iniciativas internacionais estão em jogo. Os Estados Unidos e a China e países da Europa também estão apostando em projetos de desenvolvimento de energia verde, inclusive com o etanol.
Os biocombustíveis diminuem a dependência dos combustíveis fósseis, promovem o desenvolvimento da agricultura local e produzem menos gás carbônico, monóxido de carbono e dióxido de enxofre do que os combustíveis fósseis, contribuindo assim para a diminuição da poluição atmosférica e do aquecimento global.