Frango produzido no Brasil é livre de hormônios. Sempre foi e sempre será!
A produção da ave no Brasil alimenta milhões de brasileiros e é uma grande das pautas de exportação do País. Confira o que é fato e o que é fake sobre essa indústria
Uma produção bem afinada nas granjas, com uma genética padronizada, protocolos de sanidade, nutrição e manejo da mais alta qualidade. Tudo isso faz do frango brasileiro uma das mais tecnológicas e profissionais atividades agropecuárias do mundo. Não é de hoje que o País é reconhecido como um dos grandes produtores do planeta.
Em 2019, foram exportadas 4,2 milhões de toneladas, volume 2,8% superior ao registrado ao longo de 2018. Em receita, as vendas do setor, em 2019, totalizaram US$ 6,994 bilhões, número 6,4% superior ao alcançado em 2018, com US$ 6,570 bilhões. A China assumiu em 2019 a liderança entre os destinos internacionais da carne de frango do Brasil, com importações totais de 585,3 mil toneladas.
Mas mesmo com todo esse sucesso, ainda tem muita gente espalhando fake news sobre o assunto. Dizem por aí, por exemplo, que o frango brasileiro é cheio de hormônios. O AgroSaber conversou com quem sabe do assunto: o médico veterinário Mario Sergio Assayag Junior, gerente geral de operações da Aviagen, empresa americana de genética de aves, para entender, afinal, que conversa é essa.
Ele explica que uma das maiores bobagens que se diz a respeito da produção de aves está relacionada à administração de hormônios nos animais. Isso não existe e nunca existiu. “Deve ser a maior lenda urbana sobre a produção de frango no mundo”, afirma. “Se existisse mesmo essa tecnologia para os frangos, o hormônio teria de ser aplicado ave por ave, em todos os dias de sua vida. Imagine quanto custaria uma operação dessas – tornaria economicamente inviável a produção de frango no mundo inteiro.” Já imaginou isso?
Então, vamos entender que tipo de medicamento é administrado em frangos durante o processo de produção. Em primeiro lugar, vacinas. Sim, para garantir o controle sanitário, as aves são vacinadas. Isso é normal para garantir animais saudáveis.
Assayag Junior explica que o protocolo de vacinação é especialmente importante nas primeiras fases de criação de um frango porque é nessas etapas que a ave passará mais tempo (em geral, cerca de 64 semanas) com um produtor responsável pela multiplicação do rebanho. Por isso, grande parte dos casos de aplicações de vacinas e medicamentos em frangos acontecem nas etapas anteriores à engorda (aves de corte), que é a última etapa, e que leva de 32 a 48 dias até o abate.
Esses protocolos podem variar de região para região, por isso, podem ser administradas de 6 a 10 vacinas a cada lote de animais. “A principal vacina é contra da doença de Marek”, diz Assayag Junior. “É uma vacina obrigatória em todo o mundo.”
As vacinas podem ser injetáveis ou administradas por spray ou gota. Para cada tipo de vacina há um método de aplicação. As que são consideradas vacinas vivas, são por spray ou gota. Essas vacinas por gota lembram as vacinas em crianças por via oral – das famosas campanhas do Ministério da Saúde com personagem Zé Gotinha. “No caso das aves, não dá para ficar abrindo o bico, ave por ave”, diz Assayag Junior. “A aplicação mais prática é no olho, que absorve o medicamento da mesma forma.”
Outra coisa importante para garantir a saúde dos rebanhos de aves é a administração de antibióticos. Isso existe e é FATO, mas é uma medida empregada APENAS quando os animais ficam doentes. Nenhum produtor usa antibióticos sem precisar. Isso faz parte das próprias normas das boas práticas de bem-estar animal. O medicamento é via oral, colocado na água das aves. Não significa que ao comer a carne do frango, você estará consumindo essas substâncias. Segundo Assayag Junior, o período de carência desses medicamentos vão de 0 a 30 dias, dependendo do tipo de antibiótico. “Todos esses prazos são respeitados porque são feitos testes laboratoriais que atestam a presença ou não de resíduos nas carnes dessas aves”, diz.
Contra a falta de informação, Assayag Júnior é categórico: “A produção brasileira é uma das mais competentes”, diz. “O Brasil se aperfeiçoou tanto em atender tantos países e clientes de exportação, que os protocolos de produção do frango brasileiro se tornaram um dos mais altos do mundo.”
Números da produção
E o Brasil só tem motivos para se orgulhar. Não é para qualquer um conduzir um rebanho de 1,5 bilhão de aves. Este é o número mais recente do IBGE sobre a produção brasileira da ave, com dados de 2018. Este trabalho exige um padrão até chegar ao campo, o que garante mais segurança do alimento. Sabia que até chegar à mesa do brasileiro, a ave passou por 5 etapas de produção. Saiba quais são elas, clicando aqui.
O país vem batendo um grande bolão com a produção de frango. Os dados consolidados são os de 2018, com 12,86 milhões de toneladas, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). A maior parte disso foi para a mesa dos brasileiros. No mercado interno foram consumidas 8,76 milhões de toneladas de frango, 68,1% da produção nacional. A exportação foi de 4,1 milhões de toneladas, 31,9% da produção (considerando todos produtos, entre in natura e processados).
Veja um dos métodos de vacinação de aves