IBGE prevê mais um recorde para safra de grãos
A estimativa é de alta de 3,1% em relação a 2019
A estimativa de fevereiro de 2020 para a safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas alcançou mais um recorde na série histórica do IBGE, chegando a 249,0 milhões de toneladas, 3,1% superior a 2019 (241,5 milhões de toneladas) e com um crescimento de 0,9% (+2,3 milhões de toneladas) em relação ao mês anterior. A área a ser colhida foi de 64,4 milhões de hectares, crescimento de 1,8% frente a 2019 (+1,2 milhão de hectares). Em relação ao mês anterior, a área a ser colhida cresceu 69,2 mil hectares (0,1%).
Estimativa de Fevereiro para 2020 | 249,0 milhões de toneladas |
Variação safra 2020 / safra 2019 | 3,1% (7,6 milhões de toneladas) |
Variação safra 2020 / 1ª estimativa 2020 | 0,9% (2,3 milhões de toneladas) |
O arroz, o milho e a soja são os três principais produtos deste grupo, que, somados, representam 93,2% da estimativa da produção e responderam por 87,3% da área a ser colhida. Em relação a 2019, houve acréscimos de 1,4% na área do milho (aumento de 3,9% no milho de primeira safra e aumento de 0,5% no milho de segunda safra), de 2,6% na área da soja e de 5,8% para a área do algodão herbáceo, ocorrendo declínio de 2,3% na área de arroz.
Na produção, espera-se altas de 10,4% para a soja, de 1,0% para o arroz, de 1,8% para o algodão, e queda de 4,0% para o milho (crescimento de 4,2% na primeira safra e decréscimo de 6,9% na segunda). A soja tem mais uma estimativa recorde: 125,2 milhões de toneladas. Para o milho, a estimativa é de 96,5 milhões de toneladas. Já para o arroz, a produção estimada é de 10,4 milhões de toneladas e, para o algodão, outro recorde: 7,0 milhões de toneladas.
Em relação ao mês anterior, houve crescimentos nas estimativas do café canephora (3,9% ou 33,3 mil toneladas), do sorgo (1,7% ou 46,0 mil toneladas), da soja (1,5% ou 1,9 milhão de toneladas), da cana-de-açúcar (0,7% ou 4,5 milhões de toneladas), do feijão 1ª safra (0,7% ou 8,7 mil toneladas), do milho 2ª safra (0,4% ou 280,4 mil toneladas), do milho 1ª safra (0,3% ou 71,1 mil toneladas), e do café arábica (0,0% ou 834 toneladas). Ocorreram quedas o feijão 2ª safra (-0,9% ou 11,1 mil toneladas) e a mandioca (-1,8% ou 355,2 mil toneladas).
O Mato Grosso foi o maior produtor nacional de grãos, com uma participação de 26,9%, seguido pelo Paraná (15,9%), Rio Grande do Sul (14,1%), Goiás (10,2%), Mato Grosso do Sul (8,0%) e Minas Gerais (5,9%), que, somados, representaram 81,0% do total nacional. Com relação à participação das regiões brasileiras, tem-se a seguinte distribuição: Centro-Oeste (45,3%), Sul (32,7%), Sudeste (9,7%), Nordeste (8,2%) e Norte (4,1%).
As variações mais acentuadas nas estimativas das produções ocorreram em Goiás (807,9 mil toneladas), Paraná (782,4 mil toneladas), Mato Grosso do Sul (341,8 mil toneladas), Bahia (216,0 mil toneladas), Pará (71,5 mil toneladas), Sergipe (62,2 mil toneladas), Ceará (475,0 toneladas) e Espírito Santo (234,0 toneladas).
Destaques na estimativa de fevereiro de 2020
CAFÉ (em grão) – A estimativa da produção brasileira de café foi de 3,4 milhões de toneladas, ou 57,0 milhões de sacas de 60 kg, crescimento de 14,2% em relação a 2019. Em relação ao mês anterior, a estimativa da produção foi 1,0% maior.
Para o café arábica, a produção estimada foi de 2,5 milhões de toneladas, ou 42,3 milhões de sacas de 60 kg, não havendo variação em relação ao mês anterior. Em relação ao ano anterior, o crescimento foi de 22,3%, devido à bienalidade positiva da safra, característica fisiológica da espécie que alterna ano de elevada produção com ano de baixa produção.
Em Minas Gerais, principal estado produtor brasileiro, devendo responder por 73,9% da produção em 2020, a estimativa da produção apresenta crescimento de 26,4%, devendo o rendimento médio aumentar 20,2% em relação ao ano anterior. A produção foi estimada em 1,9 milhão de toneladas, ou 31,2 milhões de sacas de 60 kg.
Em São Paulo, segundo maior produtor do arábica, a produção deve crescer 6,6% em relação ao ano anterior – uma safra de 282,5 mil toneladas (4,7 milhões de sacas de 60 kg). O rendimento médio deve crescer 4,8%. No Espírito Santo, a estimativa da produção foi de 202,0 mil toneladas, ou 3,4 milhões de sacas de 60 kg.
Já para o café canephora, a estimativa da produção, de 885,3 mil toneladas, ou 14,8 milhões de sacas de 60 kg, apresenta declínio de 4,1% em relação ao ano anterior. As estimativas de produção encontram-se menores no Espírito Santo (-6,2%), Minas Gerais (-5,9%) e Bahia (-1,4%), e maior em Rondônia (4,1%).
CANA-DE-AÇÚCAR – A produção brasileira pode alcançar 674,3 milhões de toneladas, crescimento de 0,7% em relação ao mês anterior. São Paulo continua sendo o maior produtor nacional, com 341,8 milhões de toneladas, responsável por 50,7% da produção. Em fevereiro, a estimativa da produção de Goiás cresceu 5,3%, tendo a produtividade alcançado 81 482 kg/ha, aumento de 5,0%. Esse Estado é o segundo maior produtor brasileiro, com 77,9 milhões de toneladas, participando com 11,5% do total nacional.
O clima, bastante chuvoso, tem propiciado um bom desenvolvimento das lavouras, que se encontram em pleno desenvolvimento vegetativo. No Mato Grosso do Sul, a estimativa da produção cresceu 1,0%, devido, principalmente, ao aumento de 1,5% da área plantada e da ser colhida. A produção deverá alcançar 51,6 milhões de toneladas. Em relação a 2019, as estimativas de produção apresentam acréscimo de 1,0%, com crescimento de 0,7% na área destinada à colheita. Esse aumento se deve à maior renovação dos canaviais em 2019.
FEIJÃO (em grão)– A produção estimada foi de 3,1 milhões de toneladas. Os maiores produtores, somadas as três safras, são Paraná com 24,8%, Minas Gerais com 16,1% e Goiás com 10,8% de participação na produção nacional. Em relação à safra de 2019, a produção total de feijão deverá ser 1,5% maior, devido, principalmente, ao aumento de 3,1% na estimativa do rendimento médio, pois na área a ser colhida, estimou-se uma redução de 1,6%.
A 1ª safra de feijão foi estimada em 1,3 milhão de toneladas, um aumento de 0,7% na produção frente à estimativa de janeiro, o que representa 8 728 toneladas. Destaques positivos para o Paraná, que teve a estimativa de produção aumentada em 4,4% (13.409 toneladas) e Goiás, que aumentou sua estimativa em 1,6% (1.647 toneladas) e negativo para o Pará, cuja estimativa da produção apresentou declínio de 40,2% (-6 358 toneladas).
A comparação anual para a 1ª safra mostra alta de 4,5% na estimativa de produção, refletindo aumentos de 2,6% na área colhida e de 1,8% no rendimento médio. Destaques positivos para o Paraná, com aumento de 29,1% na estimativa de produção (+71 910 toneladas) e para o Piauí com aumento de 29,0% (+22.227 toneladas). Os destaques negativos são a Bahia, com redução de 20,6% (-35 520 toneladas) e Goiás, com declínio de 4,1% (-4 550 toneladas).
Para a 2ª safra de feijão foi estimada uma produção de 1,3 milhão de toneladas, declínio de 0,9%, ou -11 067 toneladas, em relação ao mês anterior, acompanhando a redução de 1,4% na área colhida. O Mato Grosso do Sul foi destaque negativo, pois teve uma redução de 38,5% na estimativa de produção em relação a janeiro, o que representou menos 11 206 toneladas.
Em Goiás, a estimativa da produção apresentou aumento de 1,9% (1 550 toneladas). A estimativa de produção de janeiro para a 2ª safra foi superior à de 2019 em 9,2%. Destaques positivos para a Paraíba (202,1%), Alagoas (85,7%), Bahia (56,6%) e Paraná (21,1%). Os estados com redução da estimativa de produção foram Tocantins (11,3%), Minas Gerais (15,6%), São Paulo (34,7%) e Mato Grosso do Sul (41,8%).
Para a 3ª safra de feijão, a previsão é de queda de 0,5% na produção em relação ao mês anterior (-2 387 toneladas). Goiás foi o estado que promoveu a maior influência nesse resultado, pois as estimativas indicam redução de 1,6%. A estimativa para a 3ª safra de feijão, de 469,9 mil toneladas, é 20,1% inferior à de 2019. As Unidades da Federação responsáveis por essa diminuição foram: Minas Gerais (8,6%), São Paulo (57,8%) e Mato Grosso (28,9%).
MANDIOCA (raiz) – A estimativa da produção de mandioca foi de 19,0 milhões de toneladas, declínio de 1,8% em relação ao mês anterior. As reduções foram mais expressivas no Pará (-5,8% ou 237,0 mil toneladas) e Paraná (-4,6% ou 160,4 mil toneladas). Preços pouco compensadores têm desestimulado o plantio.
Na 1ª safra de milho, a produção alcançou 27,1 milhões de toneladas, acréscimo de 0,3% em relação à informação do mês anterior. Em relação a 2019, a produção foi 4,2% maior, havendo incrementos de 2,3% na área plantada e de 0,3% no rendimento médio. A área a ser colhida apresentou aumento de 3,9%.
Para a 2ª safra, a estimativa da produção foi de 69,4 milhões de toneladas, 0,4% superior ao mês anterior. Os maiores crescimentos nas estimativas de produção, em relação ao mês anterior, foram verificados no Pará (5,6% ou 18,0 mil toneladas), Sergipe (10,7% ou 61,8 mil toneladas), Paraná (0,5% ou 57,5 mil toneladas) e Goiás (1,5% ou 143,1 mil toneladas). Na presente informação, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e os estados que integram o “MATOPIBA” mantiveram as estimativas informadas no mês anterior.
Em relação a 2019, a produção do milho 2ª safra recuou 6,9%, com o rendimento médio caindo 7,4%. Em 2019, a produção do milho segunda safra foi recorde da série histórica do IBGE, em decorrência do clima favorável, o que não ocorreu no presente ano agrícola.
SOJA (em grão) – A segunda estimativa de produção de soja para 2020 totalizou 125,2 milhões de toneladas, com aumento de 10,4% em relação à safra anterior. Se confirmada, a produção nacional de soja ultrapassará o volume colhido em 2018, atingindo novo recorde e representando mais da metade da produção nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas.
Na comparação com a primeira estimativa de produção de soja para 2020, divulgada no mês anterior, houve um acréscimo de 1,5% no volume a ser colhido, impactado principalmente pela revisão do rendimento médio da cultura no Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul e Bahia.
Após uma retração observada em 2019, há expectativa de uma safra recorde em 2020. O rendimento médio estimado foi de 3 410 kg/ha, valor 7,6% superior ao de 2019, quando foi observada a ocorrência de excesso de calor e restrições de chuvas no Paraná, em São Paulo e no Mato Grosso do Sul, que impactaram o rendimento médio da cultura naquele ano.
Os bons preços da commodity nos últimos meses de 2019 estimularam os produtores a investirem, o que acarretou numa alta de 2,6% na área a ser colhida, estimada em 36,7 milhões de hectares, a maior já registrada no País. Dentre os maiores produtores nacionais, o Mato Grosso, que em 2020 deve responder por 27,0% do volume de soja a ser produzido pelo País, estima colher 33,8 milhões de toneladas, crescimento de 4,9% em relação a 2019.
O atraente preço da soja, no segundo semestre de 2019, foi fator preponderante para a expansão de 2,4% da área plantada. O rendimento médio estadual também deve crescer 2,4%, mesmo com atraso da chegada das chuvas em algumas regiões durante o período de plantio, que não afetou significativamente a produtividade média, que deve alcançar 3 396 kg/ha.
O Paraná, segundo maior produtor nacional, deve produzir 20,5 milhões de toneladas, com alta de 26,5% em relação à safra anterior e aumento de 25,3% na produtividade. Goiás e Mato Grosso do Sul, que fecham o ranking dos maiores produtores nacionais, reajustaram as estimativas de rendimento médio no mês de fevereiro em 4,5% e 3,0%, respectivamente.
Este incremento impactou a produção estimada, que deve crescer 14,2% em Goiás e 17,1% no Mato Grosso do Sul em 2020. Bahia e Pará foram outros dois estados que apresentaram reajustes significativos na produção, com aumento de 4,2% e 6,4%, respectivamente.
SORGO (grão) – A estimativa da produção alcançou 2,7 milhões de toneladas, crescimento de 1,7% em relação ao mês anterior. Este resultado se apoia na estimativa da safra goiana, que cresceu 6,0% este mês, devido à maior área cultivada.
Em relação ao ano anterior, a produção apresenta crescimento de 4,9%, com destaque para o rendimento médio, que deve crescer 5,1%. O Mato Grosso do Sul e a Bahia reduziram suas projeções de produção em 7,7% e 14,9%, respectivamente. A área cultivada é a principal variável que influenciou nesse resultado, com decréscimos de 6,3% e 10,0%, respectivamente.
Os maiores crescimentos nas estimativas da produção, em relação ao ano anterior, estão sendo verificados em Goiás, 17,0% ou 186,4 mil toneladas, sendo esse o maior produtor nacional, com participação de 47,2%; em Minas Gerais, 3,1% ou 26,4 mil toneladas; no Mato Grosso, 28,7% ou 39,3 mil toneladas; na Bahia, 22,7% ou 15,8 mil toneladas; em Tocantins, com 6,5% ou 3,2 mil toneladas; no Mato Grosso do Sul, 2,4% ou 834 toneladas; e no Distrito Federal, 40,0% ou 9,6 mil toneladas.
Ascom IBGE