Impacto de doença no setor brasileiro de flores pode causar danos de R$ 1,4 bilhão
Regras mais claras em Estados e municípios podem amenizar a queda na produção de flores e plantas ornamentais no País
O agro brasileiro não é só arroz, feijão, soja, milho, boi, frango e suíno, mas flores e plantas ornamentais, também. O setor amarga talvez a maior crise de sua história por conta da Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. O fechamento de comércios e o cancelamento de eventos agravaram essa situação, segundo o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor). Até maio deste ano, a previsão é que o setor deixe de vender cerca de R$ 1,4 bilhão.
Em apenas duas semanas, desde que as autoridades sanitárias determinaram o isolamento social nas principais cidades, o setor deixou de faturar R$ 297,7 milhões. Em todo o mês de abril, as quedas podem alcançar R$ 669,8 milhões. A queda nas vendas na primeira semana de maio pode chegar a R$ 396,9 milhões. A data é considerada como o Natal para o setor por conta da comemoração do Dia das Mães. As perdas totais somam a cifra bilionária.
“Após o Dia das Mães, se nada for feito, teremos um cenário devastador com a falência de 66% dos produtores e o desemprego de 120 mil pessoas nas áreas produtivas”, avalia Kees Shoenmaker, presidente do Ibraflor.
Regras mais flexíveis
“O que pedimos é a flexibilização de municípios e Estados sobre o comércio de flores e plantas”, explica Renato Opitz, diretor do Ibraflor. Essa melhor regulamentação garantiria mais canais de venda, seja por lojas virtuais e até vendas in loco, com o controle do número de pessoas circulando e cumprindo todas as exigências sanitárias já implantadas em supermercados.
“Se isso for feito podemos minimizar o prejuízo”, avalia Opitz. “Não estamos pedindo a reabertura do mercado, de forma alguma. Só pedimos flexibilização para que esse comércio aconteça. Sabemos que há demanda de flores por pedidos por telefone ou por vendas on-line, mas as flores não estão chegando a esse estabelecimento.”
Flor brasileira
O Brasil tem cerca de 8,3 mil produtores e 15,6 mil hectares de área cultivada. Os cultivos são separados por categorias: flores de corte (com destaque para a produção de rosas, crisântemos, gérberas e lírios); e flores em vasos (destacando-se violetas, crisântemos, kalanchoes e as begônias). O setor engloba ainda 60 centrais de atacado (como as cooperativas, por exemplo), 680 atacadistas e prestadores de serviço e mais de 20 mil pontos de varejo.
Do ponto de vista financeiro, o setor de floricultura movimenta R$ 8,67 bilhões em toda sua cadeia, gera 210 mil empregos diretos e mais de 800 mil indiretos.
Síndrome mundial
A situação no Brasil é grave, mas outros grandes produtores mundiais estão no mesmo barco. Maior produtor e exportador de flores do mundo, a Holanda também está encarando uma forte onda de prejuízos, incluindo o descarte de plantas diretamente no lixo. Uma das principais empresas de lá, a Royal Flora Holland, teve uma queda de vendas de 85%. Há rumores de falências de empresas por lá também. Colômbia, Equador, Quênia, Bélgica e Etiópia também estão na linha de tiro. Todos também são grandes produtores e exportadores de flores.
O AgroSaber continuará atualizando seus leitores sobre os impactos do novo coronavírus no agro brasileiro. E aí gostou da matéria? Você pode: curtir, comentar e compartilhar. (os links de suas redes sociais estão logo aí abaixo)