A saga do limão que não era limão
Saiba um pouco sobre a fruta que é ingrediente clássico da caipirinha brasileira, faz sucesso fora do país, mas que cientificamente não é um limão
Você deve conhecê-lo por limão, provavelmente a vida inteira. Nas gôndolas do supermercado só dá ele lá, num verde escuro e vistoso. Na plaquinha que o identifica vai estar escrito limão tahiti, mas, oficial e cientificamente, seu nome é lima-ácida. As diferenças são bem claras entre as limas-ácidas e os limões e a principal delas é o sabor: limão de verdade têm sabor mais suave do que as limas-ácidas. Em contrapardida, as limas ácidas dão maior quantidade de suco.
A confusão surge pela própria presença hegemônica do limão no mundo – há cerca de 100 variedades dessa fruta. Entre elas, o destaque vai para o limão-siciliano. Apesar de seu nome europeu, a fruta tem mais sangue chinês ou indiano, pois a planta teve origem no sudeste asiático. Já a família das limas-ácidas é formada por apenas dez variedades, entre elas o lima ácida tahiti e o limão-galego.
O tropical tahiti
Ao que tudo indica a lima-ácida tahiti, que vem de uma planta híbrida do cruzamento de plantas do limão-siciliano e da lima-da-pérsia, foi uma variedade encontrada no próprio Taiti, maior ilha da Polinésia Francesa, que fica no oceano Pacífico. Séculos atrás, a fruta foi trazida para algumas regiões da Califórina, nos Estados Unidos, tornando-se bem popular.
A lima-ácida tahiti também se popularizou aqui no Brasil e se espalha por cerca de 52,8 mil hectares, segundo os dados mais recentes do IBGE, referente à produção de 2018. O Estado de São Paulo reina com 58% dessa área. Deste 1,5 milhão de toneladas colhidos naquele ano, 79,1% vieram da produção paulista.
Exportação
Essa produção no País vem crescendo, impulsionada pelas exportações. Lá fora, a lima-ácida tahiti é considerada uma fruta exótica, destinada especialmente para a produção de drinks.
Em 2018, o Brasil exportou 97,5 mil toneladas, apenas cerca 6,6% produção nacional. Isso rendeu US$ 89,5 milhões ao País. Em 2019, o volume exportado foi de 107,6 mil toneladas e US$ 93,7 milhões de receita. O resultado é de um crescimento de 4,6% no volume e de 10,4% na receita.
Quem mais aprecia nosso “limão” é a Holanda. O país importou 65,4% de nossa fruta. A quantidade é alta porque os holandeses revendem essa produção para o restante da Europa. É seguido pelo Reino Unido (13,6%), depois, Espanha (6,0%), Alemanha (2,7%) e Ucrânia (2,0%). O agro brasileiro soube bem fazer do limão uma boa limonada, não acha?