Miúdo suíno tipo exportação: itens da feijoada ganham a China
Orelha, rabo, focinho, máscara, bochecha e pé. Os miúdos suínos foram parar nas manchetes da semana graças à habilitação de sete plantas frigoríficas de Santa Catarina para exportação desses itens para a China. Também conhecidos como subprodutos ou coprodutos, eles estão presentes na feijoada brasileira, mas são itens de primeira necessidade e muito apreciados na culinária chinesa.
Os números do consumo chinês de suínos são realmente impressionantes. Cada habitante chinês ingere 38,4 quilos do alimento por ano, mais que o dobro dos 15,1 quilos per capita do Brasil, conforme os números oficiais de 2011.
Segundo dados do Comex Vis (sistema de visualizações interativas sobre os dados do comércio exterior brasileiro), da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia, a China já é o principal destino da carne suína brasileira.
Entre janeiro e setembro de 2019, foram cerca de 156,6 mil toneladas embarcadas, uma alta de 34% em relação ao mesmo período do ano passado. Atualmente, o principal comprador de miúdos em geral do Brasil é Hong Kong.
De acordo com o gerente executivo do Sindicarne, Jorge Luiz de Lima, o interesse da China pelos miúdos brasileiros foi despertado pelos eventos sanitários que tem ocorrido em parte da Europa e da Ásia, como a peste suína africana.
“A China produz um terço de todo suíno do mundo e por conta da peste suína africana vai ter que eliminar 70% de seu rebanho”, afirma. Segundo ele, o consumo é tão elevado que se somar toda a proteína suína excedente no mundo, não será suficiente para abastecer a China.
Sobre as exportações de miúdos das plantas de Santa Catarina, agora possíveis, Lima explica que é preciso “tratar essa habilitação com parcimônia mas, obviamente, os produtores estão animados, afinal são novas perspectivas de mercado”.
Ele explica que apesar da paixão por suínos, foram cerca de sete anos de negociações e visitas in loco até que o governo chinês desse uma reposta favorável. “Tudo para garantir a segurança dos alimentos”, explicou.
No Brasil, os sete estabelecimentos habilitados são: BRF (Campos Novos), Pamplona Alimentos (unidades de Presidente Getúlio e Rio do Sul), Cooperativa Central Aurora Alimentos (unidades de Joaçaba e Chapecó) e Seara Alimentos (unidades de São Miguel do Oeste e Itapiranga).
Mas não é só lá fora que o porquinho faz sucesso. O mercado brasileiro também vai muito bem, obrigado! A engenheira agrônoma e responsável pela granja da propriedade da família no Mato Grosso, Caroline Schenkel Reginato, explica que atualmente 100% do que é produzido por eles é enviado para o estados de Goiás e Maranhão.
“Os animais saem vivos pesando em média de 95 a 100 kg e com 165 dias de vida. Hoje somos 100% dependentes do milho e do farelo de soja, não temos o pasto para agregar peso ao animal, então quando o peso cai ou quando a crise aparece, somos uma das únicas atividades a transformar 100% do grão em proteína animal”, explicou ela.
Caroline Schenkel explica ainda que a suinocultura assim como as outras atividades do agronegócio vêm aos poucos ocupando seu espaço.
“Nosso desafio é mostrar a importância da carne suína”, afirma. “Hoje sabemos da melhoria da qualidade de vida utilizando a banha do porco, entre outros produtos, como a bisteca e o lombo suíno que possuem menos calorias quando comparado a outras carnes.”