Modelo matemático mostra impacto no mercado de trabalho do agro

Modelo matemático mostra impacto no mercado de trabalho do agro

Pesquisadores mostram que a Covid-19 já afeta os empregos no campo

Numa situação normal e esperada, o mercado de trabalho da agropecuária reuniria 8,38 mil pessoas, nesse primeiro trimestre do ano. No entanto, segundo o levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) mensal do IBGE, o número de trabalhadores foi de 8,27 mil no mesmo período.

A diferença é o indício de que a pandemia do novo coronavírus já afeta o mercado de trabalho do agro brasileiro, segundo uma equipe de pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em Piracicaba (SP), ligado à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP).

A avaliação do Cepea é que, embora tenha sido verificado um choque negativo sobre os empregos, este ainda não foi suficiente para que o nível da população ocupada na agropecuária fugisse da normalidade observada para o mesmo período de anos anteriores.

O resultado desse estudo foi publicado na segunda-feira (18) e trata-se de uma nova abordagem de análise de mercado de trabalho, para identificar com mais rapidez reflexos inesperados, como é o caso do novo coronavírus. A análise é mensal envolve o segmento agropecuário, de trabalhadores que atuam em fazendas por todo o País e que representam 45% do total de profissionais no agro.

Até então, a análise do mercado de trabalho do agro do Cepea era feita trimestralmente e levando em conta os demais segmentos do setor como o de insumos, indústria e serviços. Nessa pesquisa trimestral, o total de pessoas ocupadas no campo é de cerca de 18,2 mil trabalhadores.

Base de cálculo

Com base dos números da PNAD Contínua do IBGE, de 2012 até o primeiro trimestre de 2020, os pesquisadores conseguiam modelar matematicamente a tendência do número esperado de pessoas.

Quando um número observado (o pontuado na pesquisa do IBGE) difere do esperado (do modelo matemático do Cepea) há evidência de que ocorreram choques não antecipados (não relacionados, portanto, à sazonalidade típica do período e ao ciclo da variável), o que pode, portanto, estar relacionado à chegada da Covid-19 no Brasil, que teve o primeiro registo oficial em oficialmente em 25 de fevereiro.

Pesquisadores ressaltam que impactos mais expressivos da pandemia sobre o mercado de trabalho agropecuário podem ser sentidos a partir de abril.

Mercado de trabalho x PIB

As previsões do PIB do agro para o ano de 2020 são positivas, segundo o Cepea. No entanto, a dúvida que fica é: por que a situação dos empregos não segue essa mesma tendência? A resposta é que os setores de grande peso no PIB não são os mesmos que aqueles grandes geradores de empregos no agro.

Segundo o Cepea, entre os grandes empregadores da agro estão as atividades de bovinocultura (corte e leite), a cafeicultura, a hortifruticultura e a cana-de-açúcar, além do vasto e heterogêneo grupo denominado pelo Cepea de “outras lavouras” (que inclui a produção de banana, abacaxi, melancia, melão, mandioca, feijão, batata, cebola, entre outras atividades menores em valor de produção). E todos esses setores são os mais afetados pelo novo coronavírus e empregam 5,4 milhões de pessoas.

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