Novo lote de agrotóxicos são genéricos e já aprovados pela Anvisa
Com a liberação de mais um lote de agrotóxicos pelo Governo Federal, um erro de interpretação naturalmente pode ocorrer: isso significa mais veneno no campo? Não, e nós vamos te explicar o porquê.
Esses 31 produtos, que agora chegam ao mercado, têm as mesmas substâncias e produzem nos organismos os mesmos efeitos de um produto de marca famosa, ou seja, são genéricos. Assim, não podemos dizer que isso representa malefícios para a sociedade.
Tal qual os medicamentos genéricos, tão populares e defendidos no Brasil, os defensivos agrícolas genéricos trazem diversos benefícios, especialmente para o produtor.
Cinco vantagens
1) Qualidade
A lei foi baseada em legislações mais avançadas, que estabelecem que o medicamento genérico só deve chegar ao mercado depois de testes de bioequivalência.
2) Regulação sanitária
Os produtos só são liberados com regras que estabelecem a segurança do que é comercializado, o que é essencial no caso dos defensivos agrícolas.
3) Estímulo à concorrência
O surgimento dos genéricos movimenta o mercado e possibilita que as indústrias reduzam os preços.
4) Ampliação do acesso
Com a possibilidade da redução de preços, mais agricultores podem ter acesso a produtos que até então eram muito caros, isto é, eram inacessíveis.
5) Desenvolvimento da indústria
Fabricantes de genéricos investem na pesquisa e no aperfeiçoamento de pesticidas, permitindo cada vez mais o acesso a produtos de alto custo.
Fila de registro
Trocando em miúdos, em 2019 não foi aprovada nenhuma molécula nova. Já no ano passado, foram 450 registros e desses, apenas duas novas moléculas foram registradas.
Hoje, na fila para análise de novas moléculas no Brasil, são 33 novos ingredientes ativos. São 15 fungicidas, 10 herbicidas e 8 inseticidas aguardando análise.
Dessas 33 novas moléculas, cinco são bastante novas; então não possuem aprovação em nenhum outro lugar do mundo. Eliminando essas cinco, ainda temos com 28 novas moléculas aguardando análise no Brasil.
Projeto de Lei 6299/02
Em um mercado tão grande, de tanta relevância e que impacta diretamente a vida de toda a população brasileira, observou-se que a modernização de uma lei é urgente. Assim, foi criado o projeto de lei 6299/02. Ele altera as normas da lei 7802/89, relativas especialmente ao registro de pesticidas.
O projeto aprovado na Comissão Especial da Câmara dos Deputados inclui critérios mais modernos e objetivos na avaliação dos registros de novos produtos, trazendo ainda mais eficiência ao campo no intuito de continuar garantindo alimentos seguros na mesa do brasileiro; além de apresentar maior transparência nas etapas de análise governamental.
Mais moderna, a proposta garante rigor científico ao prever análises tecnicamente mais realistas dos defensivos agrícolas, pois considera fundamental a análise de RISCO, relativa à saúde humana e ao meio ambiente, na APLICAÇÃO em campo dos produtos. Segue, assim, normas de países com a agricultura similar ao Brasil, como por exemplo os EUA e Austrália, conforme previsto em acordos internacionais ratificados pelo Brasil.
Fique ligado!
Lançado esse ano e usando como base as informações publicadas no Diário Oficial da União (DOU), o Robotox é uma ferramenta que informa nas redes sociais o número de agrotóxicos aprovados.
Agora que você está informado e já sabe que não é correto afirmar que existe mais veneno no campo, no final das contas, a ferramenta acaba sendo útil ao nos informar sobre a liberação de produtos genéricos.