O bife da pecuária sustentável do Brasil para o mundo
Selo Carne Carbono Neutro é a saída para o produtor agregar mais valor à carne e reforçar o apelo ambientalmente responsável da produção
A pegada leve de carbono é uma tendência mundial. A onda é as alternativas para diminuir as emissões de gases de efeito estufa. Essa pegada está na indústria automobilística com novas opções de combustíveis ou movidos a energia limpa. Esse movimento também está no agro brasileiro e a pecuária do País se prepara para ter uma pegada de carbono cada vez mais leve – e pode chegar a zero.
Essa empreitada está sendo encampada por produtores e pesquisadores brasileiros com a chamada Carne Carbono Neutro (CCN), um selo criado pela Embrapa. Estima-se que a criação de bovinos gere 66 quilos de metano por animal por ano. Considerando o rebanho total de 214 milhões de animais, esse número vai para 14,12 milhões de toneladas de metano por ano.
Essas emissões todas podem ser totalmente zeradas se o produtor adotar o sistema de criação dos animais junto com florestas plantadas e até lavouras, como soja e milho. Essas culturas equalizam a conta essas emissões da pecuária. Além de ter um apelo amplamente sustentável, a pecuária do país ganhará com a agregação de valor porque atende a todos os preceitos de sustentabilidade no mundo.
União de produtores
Uma associação de produtores já foi formada e está vestindo a camisad do CCN. É Associação Brasileira de Produtores de Carne Carbono Neutro de Baixo Carbono (ABCNN), composta por produtores de gado da região do Araguaia, no Estado de Mato Grosso. O Estado possui o maior rebanho de gado do País, com 30,34 milhões de bovinos, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Aplicada (Imea). Esse número representa 14,2% do rebanho nacional.
Economia
A pecuária brasileira abateu 44,2 milhões de animais no ano passado e processou 10,9 milhões de toneladas de carne em equivalente carcaça. No ano passado foram exportados 1,6 milhões de toneladas de carne bovina que rendeu uma receita de US$ 6,5 bilhões. No ano passado, o Valor Bruto da Produção (VBP) pecuária foi de R$ 186 bilhões e a previsão é que chegue a R$ 200 bilhões neste ano. A produtividade por hectare, que hoje é de 4,5 arrobas, aumentou 176% em relação à década de 1990 e deve aumentar 45% nos próximos 10 anos.