O casamento das abelhas com o melão no Nordeste

O casamento das abelhas com o melão no Nordeste

Saiba como a cearense Itaueira Agropecuária conseguiu aliar o uso de defensivos agrícolas em sua produção de melões com o desenvolvimento de colmeias

Famosa por cultivar saborosas variedades de melão, melancia, uva e pimentão em suas fazendas no Ceará, na Bahia e no Piauí, a cearense Itaueira Agropecuária mostra que é mais do que possível aliar a criação de abelhas e o cultivo tradicional de frutas, com aplicações de agroquímicos.

A iniciativa nasceu de uma necessidade. A Itaueira depende essencialmente desses insetos, os responsáveis pela polinização das flores do melão. “Houve uma redução de produtores de abelhas na região e dependemos desses insetos para produzir as nossas frutas”, diz um dos fundadores da empresa, José Roberto Prado.

Desde 2005 a empresa passou a alugar colmeias direto de apicultores ou com intermediação de parceiros, além de conduzir criações de enxames próprios.

No início, eram cerca de 200 colmeias próprias e 600 alugadas. A partir de 2015, a empresa intensificou seus enxames. Hoje, já são três mil colmeias próprias (mil exclusivas para a polinização e duas mil para a produção de mel). O projeto é chegar a cinco mil colmeias próprias e vender enxames para todo Brasil.

Isso fez com que a Itaueira saísse de uma produção de 3,2 mil quilos de mel, em 2015, para 17,2 mil quilos em 2018. A meta é fechar este ano com 18 mil quilos, o que representaria um crescimento de 5,7 vezes nos últimos cinco anos. “A estratégia não só melhorou a produção das nossas frutas, como nos transformou em produtores de abelhas e mel de ótima qualidade”, afirma.

A Itaueira mostra como é possível aliar uma produção agrícola tradicional, com o uso de defensivos agrícolas para a proteção dos frutos, sem causar dano algum às abelhas. “Nossas colmeias convivem muito bem com nossa produção e nós cuidamos bem delas.”

Qual o segredo da Itaueira?

O segredo do bom convívio é o planejamento que respeita o hábito desses insetos. As aplicações de defensivos são feitas sempre à noite, quando as abelhas estão recolhidas naturalmente em suas colmeias. Esse manejo não causa problemas com perda de enxames. Uma prova de que o problema com os agrotóxicos não são os produtos em si, mas eventuais falhas na hora do manejo com esses defensivos.

De 2015 para cá, a Itaueira vem adotando uma série de medidas de boas práticas para o desenvolvimento da apicultura. As colmeias são bem sombreadas e têm oferta de água potável o dia inteiro. Além disso, os apiários passam por revisões periódicas, reposição anual de rainhas, alimentação artificial (energética e proteica), seleção de enxames e controle de inimigos naturais.