“Os que criticam a agricultura brasileira levam medo à população

“Os que criticam a agricultura brasileira levam medo à população

Autor do livro ‘Agradeça aos agrotóxicos por estar vivo’, o jornalista Nicholas Vital conversou com a equipe do Agrosaber sobre os mitos e verdades do uso dos pesticidas na agricultura brasileira.

Confira o nosso ping-pong:

1 – Por que esse título no seu livro?

O título busca chamar a atenção para a importância dos pesticidas para a segurança alimentar no mundo. O aumento de produtividade na agricultura observada nas últimas décadas só foi possível graças às tecnologias, hoje mal vistas pela população urbana.

O objetivo do livro é justamente mostrar a necessidade dessas tecnologias para aumentar a oferta de alimentos que uma população crescente demandará.

2 – Tem veneno no prato do brasileiro?

De forma alguma. Nos últimos anos diversos mitos foram criados com o objetivo de arranhar a imagem dos pesticidas, alguns deles muito apelativos e sem qualquer base científica, como a história de que cada brasileiro “ingere” 5,2 litros de agroquímicos por ano.

Se fosse verdade, já estaríamos todos mortos. O fato é que os pesticidas devem ser encarados como os remédios das plantas, necessários para curar doenças e proteger contra pragas que destroem os alimentos. Sem os agroquímicos, haveria uma redução drástica na oferta de alimentos, o que geraria desabastecimento e fome – especialmente entre a população mais pobre.

3 – De que forma a desinformação contaminou o Brasil e o que nós perdemos com isso?

Existe atualmente uma campanha muito bem articulada contra os agroquímicos, liderada por pessoas interessadas economicamente no assunto. Na falta de argumentos científicos, essas pessoas apelam ao “marketing do medo”, criam um vilão para vender – a preços exorbitantes – a solução para os problemas.

A luta no Brasil não deveria ser contra os agroquímicos, mas a favor da educação no campo e das boas práticas agrícolas. Os que criticam o modelo de produção agrícola do Brasil levam o medo à população, mas nunca oferecem uma alternativa. Tudo isso empobrece o debate.

4 – Você acha necessária a criação de uma nova lei de defensivos?

Sim. A lei atual, que completa neste ano 30 anos, está defasada. Precisamos de regras mais claras e maior agilidade para a avaliação de novos produtos. Ao contrário do que os detratores pregam, a nova lei não vai colocar mais “veneno” no prato do brasileiro.

Na realidade, ela vai permitir a introdução de produtos mais modernos e menos tóxicos no mercado. O mais contraditório são as pessoas que criticam o uso de pesticidas antigos no Brasil – alguns já em desuso no exterior – mas ao mesmo tempo são contra uma lei que facilitará o acesso dos agricultores brasileiros às tecnologias hoje utilizadas no exterior.

5 – Em dados comparativos, ainda podemos crescer como o celeiro do mundo?

Com certeza. O Brasil é o único entre os grandes produtores mundiais de alimentos com capacidade para expandir a produção sem a necessidade de derrubar uma única árvore.

Nossa produtividade média é baixa se comparada aos países desenvolvidos e ainda temos milhões de hectares de pastagens degradadas que podem ser convertidas para a agricultura. Só que para fazer essa nova Revolução Verde será necessário o uso de um pacote tecnológico que inclui os pesticidas.

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