Parece cenário de rave, mas é só uma plantação de soja
Tecnologia de iluminação artificial usada nas fazendas verticais passam a fazer parte da realidade de produção a céu aberto
O dia está acabando numa fazenda de soja, no município de Monte Carmelo (MG), na porção oeste do Estado, na região do Triângulo Mineiro e a 496 quilômetros da capital, Belo Horizonte. Ela é apenas uma das inúmeras propriedades de cultivo da oleaginosa no País, mas é uma das primeiras a experimentar uma tecnologia inovadora: suplementação por iluminação artificial noturna.
Num estalar de dedos, eis que luzes LED de espectro rosa se acendem pela plantação, enfileiradas ao longo do braço mecânico de um pivô central, equipamento de irrigação comumente usado em todo o mundo. O cenário psicodélico pode até lembrar uma rave, mas é apenas uma fazenda de soja (rs!).
Esse tipo de iluminação artificial é a marca de fazendas verticais, como a brasileira Pink Farms, de cultivo protegido em prédios. Mas, de uns cinco anos para cá, o Grupo Fienile, uma agtech mineira, está trazendo a tecnologia para cultivos a céu aberto.
“O Grupo Fienile desenvolveu essa tecnologia de suplementação luminosa outdoor, com o primeiro pivô central com iluminação artificial do mundo. É uma tecnologia brasileira, e, no momento, temos conduzido vários experimentos em alguns Estados do País”, diz o engenheiro agrônomo Matheus Iida, um dos sócios fundadores do Grupo Fienile.
Nutrição por luz
A tecnologia da startup faz com que as plantas sejam nutridas pelo espectro luminoso. Naturalmente, a luz permite que as plantas sintetizem mais nutrientes pela fotossíntese a partir de nutrientes no solo e água. Então, quanto mais luz, mais alimentos para a planta, maior será seu desempenho na hora da colheita.
A suplementação por iluminação artificial garantiu um aumento de produtividade para a soja de 57,3%, na avaliação de uma área experimental de 100 hectares de soja e que recebeu 40 dias de iluminação noturna. A produção na área, após diversos testes, saltou de 75 sacas de 60 quilos por hectare para 118 sacas por hectare.
“A suplementação luminosa pode ser feita tanto no período noturno quanto em dias nublados, principalmente em regiões como no Rio Grande do Sul, que em determinadas épocas do ano, tem baixo índice de luminosidade”, explica Iida.
Novidade à toda prova
Fundada em 2019, a startup passou a desenvolver os primeiros projetos de pesquisa para validar a tecnologia. Segundo o executivo da empresa, a inovação tem ganhado espaço comercialmente nos últimos dois anos, e até está sendo alvo de pesquisas por cientistas da área agrícola. “Temos universidades já desenvolvendo teses de mestrado e doutorado com nossa tecnologia”, explica Iida.
E aí, gostou da matéria? O AgroSaber segue em sua missão de trazer boas informações aos seus leitores. Sinta-se livre para curtir, comentar e compartilhar (os links de suas redes sociais estão logo aí abaixo).