Parece um laboratório, mas é uma fazenda vertical!
Conheça o que são as fazendas high-tech, instaladas em centros urbanos, com capacidade para produzir mais de quatro toneladas de hortaliças por mês
Já ouviu falar em fazenda vertical? São fazendas urbanas onde são produzidos alimentos num ambiente protegido da luz solar, da chuva e do vento, e bem longe do solo. Parece até um laboratório de ficção científica, pois a iluminação é por lâmpadas de led azul e vermelho (juntos dão o tom de rosa no ambiente).
O ambiente de produção é extremamente higienizado e livre de qualquer ação de pragas e doenças, comuns em produções agrícolas em ambientes abertos ou semiabertos como os cultivos em estufas.
No Brasil, já existem algumas fazendas desse tipo. A Pink Farms, no bairro da Vila Leopoldina, na zona oeste de São Paulo (SP), é considerada uma das maiores da América Latina. Ela pode produzir até 4,5 toneladas de hortaliças por mês num galpão de 750 metros quadrados.
Na galpão onde está instalada, em pleno centro urbano, são cultivadas alfaces e alguns tipos de hortaliças chamadas de microgreens (microverdes, na tradução literal do inglês). À primeira vista parecem brotos, mas são variedades de hortaliças reduzidas. Na Pink Farms, são produzidas microgreens de alho poró, cenoura, couve, rabanete e repolho roxo.
“Elas parecem como brotos, mas não são”, diz o engenheiro de produção Geraldo Maia, 29 anos, CEO e sócio-fundador da Pink Farms. “São plantas com ótimo poder nutricional e muito requisitadas por restaurantes e chefs de cozinha.”
É caro, isso?
Só de olhar como as plantas são produzidas, a primeira impressão que se tem é: a alface colhida aí deve ser bem cara, não? “Na realidade, não”, explica Maia. “Hoje a faixa de preço está entre um produto orgânico e um convencional.”
Um pacote de alface higienizado de 150 gramas de uma produção convencional está na faixa de R$ 6,5 no supermercado. O orgânico é vendido por cerca de R$ 10 e o nosso está na faixa de R$ 8,50. Para chegar a um preço competitivo de mercado, foi preciso muita inovação tecnológica para reduzir os custos de produção.
Produção high-tech
A luz rosa é bem característica de uma fazenda vertical, um movimento que vem crescendo no mundo por conta do avanço da onda de startups. Além da iluminação diferente, até meio psicodélica, há um sistema de irrigação automatizado que leva a água e os nutrientes essenciais às plantas direto nas raízes. Tudo é meticulosamente controlado na sala: temperatura, ventilação, umidade, iluminação e fertilizantes na água.
Todas as condições permitem uma produção rápida e prática. Um alface que pode levar até 70 dias para ser colhido a céu aberto, na fazenda vertical fica pronto em até 45 dias. E na geladeira do consumidor pode durar, no mínimo, até dez dias sem perder o seu vigor. “O sistema é tão limpo que não gastamos com o processo de lavagem dos vegetais. Assim que são colhidos, já são embalados.”
Movimento mundial
Criada oficialmente em 2017, a Pink Farms passou a integrar, no ano passado, o time de agtechs (as startups de inovação no agro) do fundo de capital de risco paulistano SP Ventures. Também em 2019, a agtech conseguiu seu primeiro aporte de R$ 2 milhões.
O empreendimento de Maia se junta a outros no Brasil como a Fazenda Cubo, também de São Paulo (SP), a MightyGreens, no Rio de Janeiro (RJ), e a BeGreen, em Belo Horizonte (MG). A empresa está programando receber pessoas e realizar cursos sobre esse estilo de produção.
Essa inovação tem ganhado força no mundo porque está levando a produção de alimentos cada vez mais próximo do consumidor. Em Londres, por exemplo, uma fazenda vertical urbana foi instalada num antigo abrigo antibombas construído na época da 2ª Guerra Mundial. Confira essa história aqui.
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