Por que alguns frigoríficos estão voltados para Meca?
Para atender ao mercado islâmico, os abatedouros já são construídos no Brasil com sua área de abate voltada para a principal cidade muçulmana no mundo
Todos os anos, cerca de 2 milhões de pessoas se reúnem em Meca, se aglomerando em torno da Grande Mesquita no Ramadã. A cidade da Arábia Saudita é considerada a mais sagrada no mundo para o povo muçulmano e para a religião islâmica. Além dos milhares de peregrinos, outros cerca de 1 bilhão de muçulmanos se voltam para Meca cinco vezes ao dia para rezar. Mas adivinha: não são só essas pessoas que estão se voltando à cidade – dezenas de frigoríficos brasileiros também.
O motivo? O Brasil é um dos principais fornecedores de carnes para a comunidade de países árabes (23 países no total). Entre os requisitos para o Brasil vender carnes de bovinos e de aves a essa comunidade é que a linha de abate dos animais esteja voltada para a sagrada cidade islâmica. Hoje, na hora construção, as indústrias já são planejadas para seguir essas exigências prevendo sempre a posição correta da área onde o animal será abatido (confira no infográfico abaixo todas as regras do abate halal).
Segundo o Alcorão
Seguir esses ritos é um coisa séria para a religião islâmica. É por esse motivo que na hora da degola do animal o sangrador precisa dizer a expressão árabe: Bismillah Allahu Akbar, que significa “Em nome de Deus. Deus é maior”, segundo Ali Saifi, diretor da Cdial Halal, uma das certificadoras de produtos halal no Brasil. A obediência a Deus é o único princípio para o muçulmano. Desde o alimento que consome, ou produto que usa, até todos seus os costumes, cada muçulmano deve se guiar por tudo que é halal (lícito ou permitido), seguindo os preceitos do Alcorão – a Bíblia para a religião islâmica.
Por isso, muitos países, entre eles, o Brasil, vêm se especializando em oferecer produtos “halal”. “O grande negócio do halal brasileiro é das carnes de bovinos, frango, pato e peru”, diz Saifi. Na semana passada o governo da Arábia Saudita habilitou mais oito frigoríficos para exportar carnes halal.
Em 2018, o Brasil exportou 1,79 milhões de toneladas de carnes de bovinos, frango, pato e peru para os países árabes, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Esse total representou 31,2% do total das vendas dessas carnes. A receita desse negócio rendeu à economia do País US$ 3,4 bilhões.