Produtor brasileiro pode salvar o lúpulo da sua cerveja
Cooperativa de pequenos agricultores paranaenses estuda os melhores tipos de cevada e até um método para a produção do lúpulo em larga escala no Brasil. Saiba por que essas inovações podem garantir a qualidade da sua cerveja
São quatro ingredientes básicos para fazer a cerveja: água, cevada, lúpulo e leveduras. Mas um deles está em risco: o lúpulo, uma espécie de planta, extremamente sensível e que é cultivada em lugares muito frios. O ingrediente, de origem européia, e que proporciona o sabor amargo característico da cerveja, é um dos que, no futuro, pode vir a faltar nos campos. Há uma corrente científica que já colocou a planta na zona de extinção por conta do aquecimento global, colocando em xeque, inclusive, a própria cerveja. A boa notícia é que produtores brasileiros estão trabalhando para produzir o lúpulo por aqui.
Pesquisadores da Cooperativa Agrária Agroindustrial, de Guarapuava (PR), por exemplo, estão estudando cultivares de cevada e iniciando uma pesquisa com o lúpulo. “No futuro, se depender de nós, o Brasil vai produzir mais cerveja e de melhor qualidade com lúpulo nacional”, diz o agrônomo Noemir Antoniazzi, pesquisador da Agrária e que vem conduzindo os estudos para o plantio no Paraná. Através desse trabalho de melhoramento dessas plantas, a cerveja, uma verdadeira paixão nacional, estará a salva. No Brasil, o consumidor já pode desfrutar dos mais variados sabores e estilos. Com moderação, claro! (Confira no infográfico abaixo os tipos mais clássicos da bebida).
Qualidade invejável
Os produtores associados à Agrária são responsáveis por boa parte da cevada consumida pelas cervejarias no Brasil. Em 2018, dos 353,5 mil toneladas da cevada colhidas no País, 39,4% (139,4 mil toneladas) foram produzidas pela cooperativa. Esse volume de cevada rendeu 353,7 mil toneladas de malte. Historicamente, a cooperativa é considerada a maior maltaria da América Latina. Para Antoniazzi, apesar das dificuldades climáticas, ainda é possível produzir com um malte de qualidade. “Nossa produção já é tão boa quanto a de outros países, como o malte dos Estados Unidos, da Argentina e da Alemanha”, diz.
Com essa qualidade do campo, a Agrária introduziu o malte Munique, que proporciona à bebida colorações mais intensas, ideais para a fabricação de cervejas escuras, pretas e bock. O malte cai bem também, em pequenas doses, para cervejas tipo pilsen.