Produtor rural é o primeiro a combater os incêndios no Pantanal
A prática de combate ao fogo nas fazendas é bem refinada e vai desde brigadas de incêndio a sistemas digitais de alerta. Confira.
O atual cenário no Pantanal brasileiro é desolador. Muita fumaça, rastros de destruição e morte têm tomado conta de uma área com biodiversidade única no mundo. No acumulado do ano, de janeiro até o dia 21 deste mês de setembro, foram registrados 16,1 mil focos de incêndios, segundo os dados do Instituto Especial de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Apesar de ser o resultado mais drástico de toda série de histórica do Inpe (a partir de 1998 pra cá), todos os anos, o enredo de incêndios é o mesmo: tempo seco, falta de chuva, calor e uma imensidão de vegetação seca, pronta para queimar a qualquer momento.
E sabia que o maior vilão da história é, na maioria das vezes, uma bituca de cigarro jogada na beira da estrada, segundo as análises de bombeiros e da polícia ambiental?
Apesar de muitos relacionarem os incêndios ao agro, saiba que é o homem do campo o primeiro bombeiro a lidar com o combate ao fogo. O agro não gosta do fogo, pois prejudica o solo, faz o produtor perder tudo o que foi investido em adubações, e põe em risco sua produção, seja a lavoura ou a criação de animais.
Conheça alguns práticas e ações de produtores rurais no combate a incêndios:
Brigada de incêndio na fazenda
Muitas propriedades rurais já contam com um time treinado e capacitado para prestar os primeiros socorros a qualquer sinal de fumaça e pronto para acionar os bombeiros locais. O combate aos focos de incêndio é tão comum que, em épocas de tempo seco e muito calor, os produtores já deixam preparados veículos como caminhões pipa (bem abastecidos com água) e equipamentos como bombas costais com água e abafadores, uma espécie de rodo com uma lâmina emborrada na ponta que apaga o fogo ao acertar a chama.
Aceiro
O termo “aceiro” é bem conhecido por produtores rurais e significa a remoção de toda a vegetação ao redor de cercas ou divisas entre propriedades rurais ou rodovias. O aceiro é um forma de prevenir que um incêndio passe de uma propriedade para outra ou venha da rodovia para a propriedade.
Boi bombeiro
No Pantanal é muito comum ouvir a expressão “boi bombeiro”. Isso porque o animal é reconhecido como o principal combatente de incêndios. Um bom manejo do rebanho faz com que o boi coma todo o mato existente na propriedade, eliminando assim a matéria seca que possa pegar fogo. Há até linhas de pesquisas da Embrapa sobre técnicas que estimulam o rebanho a limpar o terreno para reduzir o risco de fogo nessa época.
Fogo controlado
Em últimos caso, quando se percebe que ainda há muita matéria seca e que não pode ser consumida pelos animais, uma técnica florestal pode ser adotada: é o fogo controlado ou fogo frio. Não se espante, a técnica é muito útil numa região como o Pantanal, só pode ser utilizado no fim do período de chuvas (em meados de março e abril), quando a vegetação ainda está verde, e com a autorização de órgãos ambientais e com uma equipe qualificada. Apesar de gerar controvérsias, o fogo controlado é uma técnica florestal amplamente adotada em vários países.
Satélite e inteligência artificial
O combate ao fogo do agro ganhou recentemente novas tecnologias como o uso de imagens via satélite e mini estações meteorológicas. A novidade nasceu para o controle de incêndios em canaviais, mas a técnica pode ser utilizada em fazendas e reservas florestais por todo o País.
A tecnologia foi desenvolvida numa parceria entre a Tereos Brasil, produtora de açúcar e etanol e associada à União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), e a startup GMG Ambiental, de São José do Rio Preto (SP).
A partir das imagens via satélite e informações como o nível de umidade do ar, a direção e a velocidade do vento, e a temperatura da região, um programa computacional, com uso de inteligência artificial, pode prever os locais mais propícios de início de incêndios. Isso permite um monitoramento mais preciso o que resultará num controle mais rápido do fogo. Conheça mais detalhes dessa tecnologia no vídeo abaixo.
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