Produtores doam 3 toneladas de hortaliças e pedem ajuda para doar ainda mais
A iniciativa dos agricultores do distrito de Quatinga, em São Paulo, é não jogar um vegetal sequer fora, mas doar para quem mais está precisando neste momento de crise
Quanto custa uma crise de pandemia como essa para o Brasil? Para a economia, travada com a paralisação de comércio e serviços não essenciais, como hotéis, restaurantes, bares e shoppings centers, custa a queda de 1,18% do Produto Interno Bruto, segundo a mais recente avaliação do Banco Central do Brasil. Para a saúde pública, custam 12.056 casos da doença Covid-19, causada pelo novo coronavírus, e 553 mortes até segunda-feira (6), segundo o Ministério da Saúde. Para um grupo de agricultores no cinturão verde do Estado do São Paulo custa grande de toda a sua produção.
“A maior parte de nossas vendas era destinada aos restaurantes”, explica a produtora rural Simone Silotti, 53 anos, dona do sítio Quintal da Coruja, em Quatinga, um distrito do município de Mogi das Cruzes. A situação compromete drasticamente o comércio da safra de hortaliças como agrião, alface, rúcula, couve e demais vegetais de um grupo de cerca de 20 produtores dessa região. “Não está sendo fácil”, desabafa a produtora. Até domingo (29) a opção era jogar tudo fora. “Rezei a Deus para encontrar uma alternativa e encontrei.”
Na segunda-feira, Simone criou uma 👉 vaquinha virtual para arrecadar dinheiro para doar toda a produção desse grupo de agricultores de Quatinga. Já foram doadas cerca de três toneladas de vegetais como agrião, rúcula e couve.
Os vegetais foram para bancos de alimentos dos municípios de Santo André e São Caetano, além de outras entidades assistenciais como a Associação de Assistência à Mulher ao Adolescente e a Criança Esperança (AAMAE), de Suzano. Nesta terça-feira, os produtores doaram 1 tonelada de hortaliças comunidade Caboré, na zona leste do município de São Paulo, onde vivem cerca de 36 mil pessoas.
O custo dessa entrega foi contabilizado em R$ 5.110,00. Somando todas as doações, o grupo já está com um caixa negativo em cerca de R$ 17 mil. Até o fim desta semana, mais uma remessa de 1 tonelada de hortaliças será distribuída na comunidade Caboré.
A regra é desperdício zero
A conversa com a produtora, volta e meia, era pausada pelo choro de Simone. A emoção era muito justificável pois o drama dos produtores é muito grande. “Somos os primeiros a sentir os efeitos das crises e os últimos a se recuperar”, avalia. A situação reflete bem o estado de muitos outros produtores de hortaliças de todo o País, sem ter para quem vender. No entanto, este grupo de agricultores está firme em não jogar nada fora. “Somos produtores e tem gente passando fome, por isso não faz sentido desperdiçar alimentos de qualidade como esses.”
A vaquinha virtual possui como meta arrecadar R$ 300 mil. Até esta terça-feira (7) foram arrecadados R$ 4.941,00 com 46 apoiadores. “O dinheiro arrecadado serve para cobrir minimamente nossos custos de produção, além de ajudar a manter a contratação dos funcionários das fazendas.” O plano está funcionando bem e nenhum trabalhador foi demitido desse grupo de 20 produtores.
Corrente do bem
Para dar continuidade a essa tarefa, Simone está pedindo a ajuda de todos. Confira 👉 AQUI como participar dessa corrente do bem. “Queremos por Quatinga no mapa, reconhecida como a região que doa alimentos”, diz a produtora. A localidade do distrito exemplifica bem como vive a maioria dos pequenos produtores do agro brasileiro. A região, forte na produção de hortaliças, sofre com a falta de infraestrutura.
A única via de acesso é a rodovia SP-043, que está em estado precário. “Nem todos têm caminhões próprios para tentar vender pela região. E, também, quem viria para comprar hortaliças aqui?”, pergunta Simone. “Mas temos de continuar. Acredito que nossa tarefa dará certo. Vamos continuar doando os alimentos onde pudermos.”
O AgroSaber está na torcida para que os produtores de Quatinga consigam superar seus objetivos! Continuamos também atualizando nossos leitores sobre os impactos do novo coronavírus no agro brasileiro. E aí gostou da matéria? Você pode: curtir, comentar, compartilhar e, especialmente, ajudar. (os links de suas redes sociais estão logo aí abaixo)