Psicóloga troca divã por fazenda e torna-se referência em educação ambiental
Conheça a história de Patrícia Matarazzo. Ela tem plantações de cana-de-açúcar e de laranjas com certificação europeia e criou um projeto socioambiental com estudantes de escolas públicas em Bebedouro (SP)
Quando se ouve falar a palavra ‘produtor rural’, qual a imagem que lhe vem à cabeça? Seria a de um homem de chapéu de palha, dirigindo uma picape ou montado num cavalo, talvez? E se a imagem fosse a de uma mulher, cercada por crianças e mudas de árvores? E, ainda, se ela estivesse liderando um projeto de educação ambiental, o qual ensina como cultivar essas plantas, enquanto comanda uma produção de laranjas e de cana-de-açúcar com um dos maiores índices de sustentabilidade do mundo?
Consegue vê-la como uma produtora rural?
Saiba que essa é a imagem que certamente as pessoas têm de produtor rural em Bebedouro, cidade no interior do Estado de São Paulo, e distante 385 quilômetros da capital paulista. É porque neste município que Patrícia Matarazzo, 52 anos, psicóloga e produtora rural ganhou notoriedade e tornou-se uma referência na agricultura e na educação ambiental.
Há 20 anos ela conduz a fazenda Santa Cruz do Pau D’Alho, nesta cidade. Uma herança familiar que vem tocando com todo o cuidado nas relações com seus funcionários e com o meio ambiente. Dona de 533 hectares, sendo 240 de cana-de-açúcar e 96 de laranja, Patrícia foi a primeira produtora de cana-de-açúcar do Brasil a integrar a seleta lista de agricultores certificados pela plataforma Iniciativa da Agricultura Sustentável (SAI, na sigla em inglês).
A certificação foi criada por grandes empresas de processamentos de alimentos europeias como a Nestlé, a Unilever e a Danone. A ideia era ter uma certificação própria do setor alimentício europeu que garantisse a qualidade dos produtos desde sua origem, nas fazendas, até às gôndolas dos supermercados.
Bebedouro mais arborizada
Muito antes da certificação da SAI, Patrícia tornou-se uma referência na sua cidade por promover um projeto educacional de reflorestamento em parceria com escolas públicas. De tempos e tempos, estudantes vão à sua fazenda, visitam a área de produção de mudas de árvores e fazem plantios pela cidade.
Perspectivas futuras
O meio ambiente é o que guia todas as tomadas de decisão da agricultora. “Se continuarmos com esta instabilidade climática, decorrente de um descaso mundial com o meio ambiente, passaremos a ter cada vez mais, problemas com as produções”, diz Patrícia.
A produtora investe em tecnologia para depender exclusivamente da água da chuva e procura conscientizar os demais produtores, através de seu exemplo conscientizar o setor.
“Na minha região, grande parte dos produtores estão irrigando a plantação de laranja e muitos outros estão buscando a irrigação da cana-de-açúcar. Eu sempre fui contra a irrigação, porque tenho uma visão ambiental e agrícola conjunta, irrigar a cana demanda um gasto de água inimaginável. Se nos preocupássemos mais com o meio ambiente e o aquecimento global, não precisaríamos estar buscando, cada vez mais, tecnologias de irrigação”, conclui a produtora.
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