“Quando não se tem a verdade científica, usa-se notícias falsas”, afirma toxicologista
Doutor em toxicologia pela Universidade de León, na Espanha e professor da Universidade de Passo Fundo (UPF), Claud Ivan Goellner, estuda há 40 anos as intoxicações com base nos dados do Sistema Nacional de Informação Tóxico-farmacológica (SINITOX).
Goellner explica que o objetivo de determinados grupos é atacar o agronegócio, mais especificamente é atacar o modelo de produção brasileira.
A questão sempre foi ideológica porque tecnicamente não tem argumento nenhum. Muito pelo contrário. Tem manipulação de dados, divulgação de notícias falsas, entre outras”, disse o especialista.
Insatisfeito com o tom tendencioso contido em pesquisas apresentadas em audiências públicas e palestras, Claud Goellner elaborou o artigo científico Intoxicações com produtos fitossanitários no brasil: Análise do volume e casuística do SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÃO TOXICO-FARMACOLÓGICA (SINITOX).
“Algumas pessoas manipulam esses dados e dão uma noção de realidade que os produtos fitossanitários são um grande problema. Mas, se você verifica no banco de dados do Ministério da Saúde percebe que esses dados não conferem. Cito o trabalho da Larissa Bombardi [Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a UE] como exemplo. Ela usa os dados da maneira que ela quer e muitas vezes entra em contradição”, contou.
No estudo, o autor analisa, ao longo de 23 páginas, os dados oficiais de intoxicação, entre 1985 e 2016. Os dados do SINITOX tem como base a Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Renaciat), composta por diversas unidades presentes em todas as regiões do Brasil.
A pesquisa de Gollner apresenta informações de produtos fitossanitários, ou seja, aqueles usados na lavoura, não são contabilizados aqueles usados para matar insetos, nem os produtos veterinários.
O trabalho mostra que os produtos fitossanitários não são a principal causa de intoxicação no Brasil. Entre os 1 milhão 750 mil casos registrados no período, cerca de 519 mil foram causados por medicamentos (30%), depois são o animais peçonhentos (22%).
“Os produtos industriais e os domissanitários [são substâncias ou preparações destinadas à higienização, desinfecção ou desinfestação domiciliar] intoxicam mais do que aqueles utilizados na agricultura, mas falam como se os agrotóxicos fossem os campeões. Na verdade, eles estão em 6º lugar”, disse.
Segundo ele, muitas pessoas se esquecem que os produtos de limpeza intoxicam muito mais do que os agrotóxicos.
“Água sanitária, detergente e sabão em pó estão intoxicando muito mais do que os produtos fitossanitários. E esses acidentes ocorrem principalmente com crianças de um a quatro anos”, esclareceu. “E se for somar as intoxicações com produto para matar mosca, barata, isso dá muito mais. Eu separei por uma questão de honestidade científica”.
Ele concluiu explicando que os críticos costumam misturar todos os dados para produzir informações que indiquem que casos ocorridos no cidade pareçam ocorridas no meio rural.
Eles misturam tudo para justamente apresentar números elevados e tentar induzir a sociedade a crer que seja o meio rural. São situações da cidade que não tem nada a ver com o meio rural, mas eles usam para atacar o agronegócio e os produtores. Por aí a gente entende qual é o objetivo do viés ideológico”, finalizou.
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