Recorde de vendas! Produtor mato-grossense já vendeu 20,3% de soja que nem plantou ainda
Negociação da soja da safra 2020/2021 para um início de março é histórica, segundo a análise do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária
Nenhum pé de soja foi plantado ainda e nem a área para semear foi definida, mas o produtor mato-grossense já se comprometeu a vender 20,3% de sua produção até este início de março. “Jamais vimos esse montante todo ser comercializado antecipadamente nesse período”, avalia o engenheiro agrônomo Cleiton Gauer, gestor técnico do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), com sede em Cuiabá (MT).
Pode ser um efeito do novo conoronavírus? Gauer nem se arrisca em afirmar isso. O fato é que esse número expressivo da venda antecipada da soja indica que o mercado internacional não reduziu seu apetite pela soja brasileira. Os chineses, os maiores compradores da soja brasileira, continuam firmes em suas compras de soja. No ano passado, em março, o porcentual negociado antecipadamente era de 2,45% de toda a produção mato-grossense. O salto foi de incríveis 17,82 pontos porcentuais.
Mato Grosso é o principal produtor de soja em todo o País. Nesta safra 2019/2020, os produtores vão colher 34,0 milhões de toneladas. Esse volume representa 27,4% do que o todo o Brasil colhe nesta temporada. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), serão 124,2 milhões de toneladas de soja. A maior da história do agro brasileiro e a maior colheita desse grão no mundo.
Vendas antecipadas
As vendas antecipadas são uma transação comum entre os produtores rurais e as empresas compradoras de soja. Trata-se de um planejamento importante para o agricultor quitar suas dívidas no futuro. Quando ele faz a venda antecipada é para assegurar o dinheiro que vai saldar o custo do plantio da lavoura. O investimento é especialmente com a compra de sementes, fertilizantes e agroquímicos.
Dólar nas alturas
Boa parte do crescimento das vendas futuras em Mato Grosso é para saldar as dívidas futuras, segundo Gauer. “O dólar alto implicará inevitavelmente num maior custo para compra de fertilizantes e defensivos agrícolas”, diz Gauer. Com essa antecipação, o produtor aproveita para cobrir essa maior despesa quando começar a plantar a safra 2020/2021 em meados de outubro deste ano.
Os dois lados da moeda
A desvalorização do real perante o dólar tem os dois lados. Confira:
Cara. Real desvalorizado diante do dólar é bom para as exportações do agro brasileiro, como o AgroSaber já falou. Toda a transação é feita em dólares. Por isso cada dólar recebido significará mais reais na economia brasileira.
Coroa. Real desvalorizado é ruim para pagar as contas em dólar. O agro brasileiro depende de insumos importados como fertilizantes e defensivos agrícolas. Os produtores terão de desembolsar mais reais a honrar suas as dívidas em dólar.
O AgroSaber continua no encalço dos impactos do novo coronavírus no agro brasileiro. E aí gostou da matéria? Você pode: curtir, comentar e compartilhar (os links de suas redes sociais estão logo aí abaixo).