Será que a França não precisa da soja brasileira?
Em artigo o pesquisador Evaristo Eduardo de Miranda, agrônomo, pesquisador e chefe geral da Embrapa Territorial, explica sobre a necessidade desse país europeu pelo grão
No artigo “A França pode viver sem a soja brasileira?”, postado originalmente ao portal Revista Oeste, o agrônomo e pesquisador, Evaristo Eduardo de Miranda, chefe geral da Embrapa Territorial, em Campinas (SP), dá uma explicação clara de como é o agro lá na França e como é a necessidade do país pelo grão. O texto é uma resposta à provocação do presidente francês sobre a soja brasileira, feita recentemente.
Miranda que é uma das grandes autoridades da pesquisa brasileira e referência no monitoramento espacial do agro brasileiro conta que fez estudos de mestrado e doutorado em Agronomia justamente naquele país. Por isso não se trata apenas de um relato que quem apenas passou pelou país, mas que viveu por lá – diferente de Emmanuel Macron, que vem às redes sociais falar o que não sabe.
No texto, o pesquisador brasileiro diz ter visitado plantios de soja na França e em outros países europeus como na Áustria e Croácia. Ele faz três considerações:
1º. A soja brasileira está longe da floresta. Assim como já pontuou o AgroSaber, Miranda explica que apenas 10% da soja brasileira é produzida dentro do bioma Amazônia e, desde 2008, toda a produção não se relaciona a desmatamentos.
2º. França depende de soja. Dos 13 milhões de toneladas importadas pela União Europeia, 5 milhões vão para a França. Grande parte desse volume é para alimentação de animais. Miranda estima que o país consome cerca de 160 quilos de soja por segundo.
3º. A França não é autossuficiente. Em cerca de 40 mil hectares, o país produz 200 mil toneladas por ano, isso representa apenas 5% do consumo francês. Mesmo a produção local é considerada cara, pois ¾ dela é irrigada. Fora dessas áreas, a produção é muito baixa.
“Seria necessário plantar mais uns 2 milhões de hectares de soja na França para a autossuficiência. Quem cederá 2 milhões de hectares para a soja? Os cereais, a beterraba ou a fruticultura?”, diz Miranda, no artigo.
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