Startups ajudam a destravar o comércio do agro brasileiro
Conhecidas como agtechs, elas podem mudar o cenário comercial para pequenos produtores
O agro continua com sua missão de manter abastecidos os lares da população, mesmo em tempos de pandemia. O caminho dos alimentos é desafiador e nem sempre consegue chegar realmente onde precisa: o prato do brasileiro. Canais de venda importantes como restaurantes, redes de fast food, hotéis e shoppings centers simplesmente fecharam as portas de um dia para o outro. Aí, para os produtores, o desafio é de encontrar novos canais para vender e, assim, manter de pé o cultivo de frutas e hortaliças.
A resposta pode vir de duas startups do agro (também conhecidas como agtechs): a catarinense 👉 Sumá e a gaúcha 👉 Elysios. Ambas possuem aplicativos que podem garantir acesso a novos canais de vendas como a cozinhas industriais que atendem fábricas de produtos essenciais e hospitais. “Temos o compromisso com o pequeno produtor”, diz o agrônomo gaúcho Alexandre de Avila Leripio, CEO da Sumá. “A nossa proposta é garantir que seu comércio continue a um preço justo.” Para Frederico Apollo Brito, CEO da Elysios, a tecnologia digital pode abrir as portas para novos canais de vendas.
As agtechs estão entre outras startups selecionadas pelo Desafio Covid-19, da Agtech Garage Campus Vale do Piracicaba, um dos centros de inovação tecnológica para o agro brasileiro da América Latina. O desafio foi justamente (omitir – para) trazer soluções práticas e confiáveis para ajudar os produtores a enfrentar os efeitos da pandemia do novo coronavírus no agro.
Sumá
Criada em maio de 2016 e com sede em Balneário Camboriú (SC), a Sumá é um sistema que conecta produtores rurais, empresas de transporte e compradores de alimentos. A startup nasceu com o foco de criar uma rede comercial do campo com redes de hoteis e restaurantes e foi desenvolvida por Alexandre e pela engenheira ambiental Daiana Censi Leripio, que há 10 anos trabalha o desenvolvendo de habilidades comerciais com agricultores familiares.
O negócio começou a engrenar desde o final do ano passado para atender cozinhas industriais que suprem os funcionários de hospitais e fábricas que continuam em pleno vapor. A plataforma já conecta 40 produtores nos Estados do Paraná e Santa Catarina, e já comercializou 90 toneladas de produtos em apenas um mês.
Segundo Alexandre, o comércio pela plataforma é o mais transparente possível e sempre se apóia no custo de produção de cada produtor. É por esse comércio transparente que a Sumá garantiu um crescimento médio de 37% na remuneração de agricultores familiares, redução média de 7% nos custos da aquisição de frutas, legumes e verduras e uma redução média de 15% de desperdício de alimentos. Com esses bons resultados se consolidando no Paraná e Santa Catarina, a startup quer agora estender seus serviços aos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
Elysios
Em outra frente, o aplicativo Demetra, da Elysios Agricultura Inteligente, de Porto Alegre (RS), funciona como um caderno de anotações digital de todas as operações no campo, desde o cultivo da semente ou muda até a colheita. A startup foi fundada em 2017 e usa inteligência artificial e a conexão entre máquinas (a Internet das Coisas) para desenvolver aplicativos como o Demetra.
“A ferramenta rastreia e certifica toda a produção”, explica Frederico, CEO da Elysios. “Nessa época de pandemia, a rastreabilidade da plataforma permitiu que uma cooperativa de produtores ganhasse uma licença para vender sua produção a um hospital”, diz. “Se não tivesse esse sistema, a cooperativa não conseguiria ofertar sua produção.”
O case mencionado por Frederico é da Cooperativa Mista de Agricultores Familiares de Itati, Terra de Areia e Três Forquilhas (Coomafitt), com sede no município de Itati (RS), localizada a cerca de 160 quilômetros da capital Porto Alegre e que reúne 270 agricultores. “Conseguimos agregar valor a nossa produção e ampliar mercados pela plataforma”, afirma o produtor rural Bruno Engel Justin, presidente da Coomafitt.
Uso gratuito
Tanto o Demetra como o Samá estão provisoriamente na plataforma Orbia, que está unindo forças com a Agtech Garage no Desafio Covid-19. Também participam as empresas Bayer e Sicredi como apoiadores desse projeto. Além dessas soluções, os produtores podem ter acesso a outras iniciativas pelo período de dois meses. Confira outras soluções digitais para o agro 👉 AQUI.
O AgroSaber continua atualizando seus leitores sobre os impactos do novo coronavírus no agro brasileiro. E aí gostou da matéria? Você pode: curtir, comentar e compartilhar (os links de suas redes sociais estão logo aí abaixo)