As 6 oportunidades para a cachaça brasileira
A pandemia causou um grande impacto à cadeia produtiva da bebida, mas o setor tem chances de virar o jogo e até combater o mercado ilegal de bebidas
Marca registrada brasileira, a bebida está na raiz da cultura do agro a partir do cultivo da cana-de-açúcar. Apreciada no mundo todo, a cachaça é muito conhecida como item básico para uma boa caipirinha. No entanto, desde o início da pandemia, com a paralização de bares e restaurantes, os produtores da bebida tem enfrentado muitos desafios.
O setor produtivo da cachaça que emprega atualmente cerca de 600 mil pessoas, direta e indiretamente no País, registrou uma queda de nas vendas de 23,8% em 2020 em comparação com 2019, segundo o Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC), entidade nacional representativa do setor produtivo da bebida.
A queda é a maior dos últimos cinco anos, segundo a entidade. O tamanho do mercado de cachaça no País em 2020 foi de 399 milhões de litros, segundo a consultoria Euromonitor International. No entanto, apesar do resultado negativo, o setor produtivo tem oportunidades à vista, segundo o diretor executivo do IBRAC, Carlos Lima. Confira quais são elas abaixo.
- Redução do mercado ilegal de bebidas alcoólicas. A oportunidade está na esteira da reforma tributária, que pode garantir um ambiente mais isonômico e justo para o setor de bebidas alcoólicas e com justiça fiscal. A Cachaça é hoje um dos produtos mais taxados do Brasil. Em 2015, o setor foi afetado consideravelmente pelo aumento do Imposto de Produtos Industrializados (IPI), que resultou, em alguns casos, em um aumento superior a 200% só no valor do IPI pago. Considerando apenas os principais impostos (PIS, COFINS, ICMS e IPI) e, com base em alíquotas nominais, tendo como referência o estado de São Paulo, a carga direta do setor é de 59,25%. Considerados impostos diretos e indiretos esse número ultrapassa 80%. Dados da Euromonitor Internacional de 2018, e divulgados pelo IBRAC em 2019, registram que, em 2017, mais de 111 milhões de litros de destilados (em álcool puro), o equivalente a 28,8% do volume comercializado, eram ilegais.
- Aumento na arrecadação de impostos. A partir de um mercado mais justo e com o gradual fim da presença de bebidas ilegais, o governo arrecadará mais. O estudo da Euromonior revelou que, com a ilegalidade de bebidas destiladas, a evasão de impostos em 2017 chegou ao patamar de R$ 5,5 bilhões.
- Em favor da bebida de qualidade. Com um ambiente tributário mais adequado, é o consumidor quem mais ganha com a garantia de uma cachaça de qualidade. Segundo estimativas do IBRAC, a cachaça é a categoria que mais sofre com o ilícito relacionado à produção ilegal. Cerca de 160 milhões de garrafas de 700 mililitros são fabricadas e comercializadas em desrespeito à legislação sanitária em vigor.
- Presença mais ativa e responsável no e-commerce. Com a pandemia e a dificuldade de acesso físico aos consumidores, as fabricantes e distribuidoras investiram no e-commerce e até em interação com público nas redes sociais, para manter as vendas aquecidas. “É importante lembrar que, mesmo em canais virtuais, sempre é dada a atenção aos princípios do marketing responsável de bebidas alcoólicas, contido no Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), em especial os que prezam pela proteção dos menores de idade e de incentivo ao consumo responsável”, diz Lima.
- Combate à pandemia. Desde o início da pandemia o IBRAC coordenou e incentivou uma importante mobilização do setor da cachaça para a doação de álcool 70% para o Sistema Único de Saúde. Esse esforço resultou na doação de mais de 170 mil litros de álcool para a proteção de profissionais de saúde no País.
- Happy hour responsável: A pandemia aproximou ainda mais os setores de produção e de bares e restaurantes. Um dos propulsores dessa mobilização foi o surgimento de iniciativas com o Manifesto #BarResponsável e, também, a bonificação de produtos por marcas para que os Bares pudessem reabrir, seguindo todas as recomendações de segurança contra a disseminação da Covid-19. “Um ponto importante que destaco como oportunidade é a utilização maior de áreas abertas em bares e restaurantes, exigindo maior policiamento e, com isso, mais segurança para donos de estabelecimento e consumidores”, aponta Lima.
E aí, sextou com o AgroSaber e um pouco de cachaça? Mas lembre-se, a bebida é só para maiores de idade, e, se beber, não dirija. O AgroSaber segue em sua missão de trazer boas informações aos seus leitores. Sinta-se livre para curtir, comentar e compartilhar (os links de suas redes sociais estão logo aí abaixo).